A capitã do voleibol do FC Porto falou a O JOGO e de coração aberto. De tal forma que, a certa altura, as lágrimas correram-lhe rosto abaixo. Portista até ao tutano, explicou o que levou a equipa ao tetra.
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Joana Resende, líbero e capitã, está no FC Porto desde os primeiros passos do projeto, tendo festejado todos os títulos. Com O JOGO teve uma conversa sobre emoções, amor, dedicação, história, passado e futuro.
O que sente ao estar sentada à frente dos troféus do tetracampeonato do voleibol do FC Porto?
-Um orgulho muito grande. Quando cheguei e vi estas quatro taças recordei momentos fantásticos, e nem sequer se trata só dos troféus, mas também dos processos que correspondem a estas conquistas. Terminar uma época com o dever cumprido é uma das melhores sensações que se podem ter no desporto e, no meu caso, é um privilégio ter sido uma das escolhidas para, ano após ano, integrar as equipas do FC Porto e fazer parte destas conquistas.
Esses troféus significam também muito trabalho?
-Por detrás de cada troféu estão muitas horas, dentro e fora de campo, de compromisso total, aliado a uma paixão ainda maior. Mas todas as épocas têm histórias e particularidades.
Esperava uma final com o Colégio Efanor resolvida apenas na finalíssima?
-Achava que íamos ganhar, porque fomos a equipa mais consistente ao longo do campeonato, pela nossa qualidade, pelo nosso trabalho, pelo nosso querer, pela nossa ambição e, sinceramente, não perspetivei que fosse a cinco jogos. Mas tivemos de os disputar, para os espectadores tornou a final ainda mais emocionante e fechar na finalíssima, com os nossos adeptos, foi espetacular.
Porque achava que não iriam a cinco jogos?
-Era uma sensação minha. Os jogos com a Efanor tiveram bastante equilíbrio, mas sempre com vitórias para o nosso lado. Não sei se, inconscientemente, foi isso que pensei, mas também porque sempre acreditei no nosso trabalho, aliado à qualidade do plantel, do staff, da estrutura, das pessoas que trabalham connosco diariamente para nos proporcionar todas as condições.
Poderá ter havido alguma sensação de facilidade?
-Não creio. A nossa mentalidade, desde o início, foi sempre respeitar todos os adversários e nunca demos nada por garantido. Para conquistar troféus como estes é preciso muito trabalho, dedicação, mas também a humildade de reconhecer que não somos imbatíveis.
A final teve de ir à finalíssima, mas, aí, foi um 3-0...
-Foi o jogo da final do play-off em que tivemos uma exibição mais bem conseguida. Principalmente fora, e mesmo nos que ganhámos em casa, acumulámos muitos erros. Um número de erros excessivo que não nos permitiu chegar à vitória.
Como sentia que o FC Porto ia ser campeão, esse foi mesmo o jogo do: “É hoje, vamos ser campeãs”...
-Quando as minhas colegas começaram a chegar, senti que havia um bom “mood” [ambiente]. Senti-as confiantes, com vontade de jogar, de ganhar este título. Em casa, num quinto jogo, só isso é um momento de adrenalina enorme com as nossas pessoas.
“O que é para mim o FC Porto? É muito forte”
Ver Joana Resende jogar é um espetáculo à parte. Para lá do muito que joga, há outra vertente facilmente detetável: canta as músicas que os adeptos estão a cantar, bate palmas e vibra a cada ponto como se fosse o último, agarrada ao emblema que traz na camisola. “O que é o FC Porto para mim? Eu nem sei bem” [comove-se]. Emociona-se com esta pergunta?, questionámos. “Emociono. [chora]. Não sei... [cala-se] Tenho vivido coisas tão especiais que é difícil”, respondeu. “É algo muito forte, não estava a contar com a pergunta”, disse, seguindo-se uma pausa na conversa.