"Já tinha ficado em segundo duas vezes e era uma vitória que queria para a minha carreira"
Rui Pinto vence ineditamente e Mariana Machado revalida a São Silvestre do Porto
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O fundista Rui Pinto mostrou-se domingo orgulhoso pelo inédito primeiro lugar da São Silvestre do Porto, depois de ter ficado duas vezes em segundo, em 2014 e 2023, enquanto Mariana Machado exibiu sentimento de dever cumprido pela revalidação.
Até aos metros finais, no setor masculino, a corrida assemelhava-se ao desfecho da edição transata, com uma disputa acesa e isolada entre Rui Pinto, do Sporting, e Miguel Borges, do Sporting de Braga, mas, desta feita, coube ao sportinguista ganhar em 30.01 minutos, menos um do que o adversário e menos nove do que João Amaro, do Benfica, que fechou o pódio.
O corredor consegue assim subir ao topo do pódio da prova portuense, que começa e termina na Avenida dos Aliados, pela primeira vez, o que considera acarretar um sentimento especial.
"Já tinha ficado em segundo duas vezes e era uma vitória que queria para a minha carreira. Eu sou de cá e tinha a minha família a ver. Teve significado. A corrida e a estratégia correram como tinha planeado e estou contente, depois de um ano difícil", explicou à Lusa, ao recordar os problemas físicos que assolaram o seu 2024.
Se considera que ficou aquém em termos dos potenciais objetivos alcançados devido às lesões, Rui Pinto reitera que o desejo para 2025 é estar na melhor forma o máximo de tempo possível, depois de vencer neste circuito emblemático, "difícil como foi todo o ano".
"Não podia ter desejado uma melhor prenda de Natal e o meu grande desejo para 2025 é poder começar o ano nas melhores condições físicas. O meu treinador teve um problema de saúde e quis dedicar-lhe esta vitória", reiterou.
Já o ano de Mariana Machado, do Sporting de Braga, ficou positivamente marcado pela sua presença em Paris2024, na competição dos 5.000 metros, com a estreia olímpica a representar um grande motivo de orgulho para a atleta.
"Foi o ano em que cumpri o meu grande sonho de me tornar atleta olímpica. É um patamar a que chega menos de 1% da população mundial. E ainda tenho muitos objetivos por completar a nível internacional", assegurou à Lusa.
Mariana Machado revalidou a conquista da prova, em 33.21 minutos, superando Susana Godinho Santos (Recreio Desportivo de Águeda), com 33.50, e Carla Martinho (Recreio Desportivo de Águeda), com 34.54.
Visivelmente impressionada com o aglomerado de pessoas, cerca de 16 mil inscritos, a fundista bracarense, que trazia o ímpeto da recente vitória na São Silvestre de Braga, louvou uma vez mais o ambiente que sentiu, a abrangência que o atletismo tem vindo a assumir e explicou que encarou o favoritismo com naturalidade.
"A São Silvestre do Porto é uma prova extremamente importante do nosso calendário. Nunca perdi uma São Silvestre, portanto o objetivo nunca poderia ser outro. Acima de tudo, é bom ver esta moldura humana, tantas pessoas a superarem-se, e perceber que o atletismo tem esta capacidade para mover tanta gente. Ver 16 mil pessoas a cuidar da sua saúde, saírem de casa com frio, é incrível. Isso deixa-me muito orgulhosa", expressou.
Mariana Machado, filha da antiga atleta Albertina Machado, deixou ainda uma palavra de apreço para o emblemático percurso pelas ruas da cidade do Porto, que diz ser "durinho", mas gratificante.
"O Porto tem muitas subidas, muito paralelo. Gostei da mudança do percurso, de passar pelo túnel. Correr pelo meio da cidade permite sentir esse calor do público, e dos milhares de atletas que se juntaram à elite de Portugal. Eles fazem esta modalidade", concluiu.
À semelhança de anos anteriores, além da corrida de 10 quilómetros, a São Silvestre do Porto integrou uma caminhada de 5.000 metros, com essas duas provas a juntarem 16 mil atletas inscritos, de 51 nacionalidades.