"Já disse que era o Pinto da Costa do atletismo, mas agora sou o Sérgio Conceição..."
ENTREVISTA, PARTE II >> Jorge Teixeira, diretor da Runporto, em entrevista a O JOGO, dá o exemplo do treinador dos dragões para contextualizar o que vive
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Portuense nado e criado, em Cedofeita, apaixonado pela cidade, diz ter vivido e conhecer o Porto profundo. De família humilde, portista dos sete costados, Jorge Teixeira explica que os tempos mudaram.
Sempre se assumiu portuense de gema, mesmo sabendo que os poderes e a federação estão em Lisboa. Nunca teve constrangimentos com isso?
-Eu respiro Porto por todos os poros, ninguém gosta mais da cidade do Porto do que eu. Podem gostar tanto, mais do que eu não. Já tive convites para fazer organizações em Lisboa, mas recuso. Sou nascido e criado em Cedofeita, casei na Igreja de Cedofeita, batizei os meus filhos em Cedofeita. Quando surgiram os bairros, fui dos primeiros a ir viver para o Cerco do Porto, a Fonte da Moura, Francos, ou seja, vivi no Porto profundo, conheço o Porto profundo. Éramos pessoas humildes, sempre vivemos do trabalho e ainda hoje, nas organizações, toda a gente sabe que nunca me pus em bicos de pés. Espero, sempre, pelo último atleta na meta.
Divulga muito a cidade e tem atletas de 68 nacionalidades a vir ao Porto...
-Este evento, num fim de semana, traz mais de 13 milhões de retorno económico ao Porto, diz um estudo encomendado à Universidade do Algarve. Há documentos disso.
Na primeira vez que trouxe um queniano, que era campeão do Mundo de corta mato, não teve de pagar, mas hoje em dia não é assim...
-Hoje mudou, e para trazermos esse tipo de atletas precisamos de um budget muito forte, para lhes pagar cachê de presença e depois por objetivos. Com o dinheiro que tenho, digamos que... [pausa]. Eu já disse que era o Pinto da Costa do atletismo, mas agora sou o Sérgio Conceição do atletismo, porque com pouco faço bastante e tenho tido muitas vitórias.
Por que razão afirmou ser o Pinto da Costa do atletismo?
-Porque me perguntaram se me considerava o Carlos Móia do Norte e eu respondi que, com o devido respeito pelo Carlos Móia, se tivesse de ser alguém achava que era o Pinto da Costa do atletismo.