Ivo Oliveira falhou Paris'2024: "Sempre estive em paz, foram os dois melhores atletas"
Ivo Oliveira acredita que os resultados na pista vieram para ficar
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Ivo Oliveira manifestou que conciliar o ciclismo de pista com o de estrada tem sido fácil e o sonho agora é Los Angeles'2028, onde prevê que a vertente vai receber maior atenção depois do ouro em Paris.
“Tem sido fácil. Acho que a equipa deu-nos uma abertura bastante grande agora para fazer os Europeus e deu para conciliar bastante bem. Estive em AlUla, depois Valência, e fui direto para os Europeus. E agora é focar a 100% na época de estrada e só temos os Mundiais, no Chile, praticamente em outubro”, enumerou.
Do velódromo de Heusden-Zolder, na Bélgica, o ciclista da UAE Emirates trouxe há uma semana duas medalhas, a prata na perseguição individual e o bronze no madison, ao lado do irmão gémeo Rui, vigente campeão olímpico desta prova, juntamente com Iúri Leitão.
“Estamos a demonstrar que não foi só a vaga dos Jogos, que foi para além disso. Não estamos em processo olímpico e, mesmo assim, correu muito bem, os resultados vieram. Somos dos melhores do mundo na pista e estamos a mostrar que não foi ao acaso aquilo”, analisou.
Os portugueses regressaram dos Europeus com seis medalhas e consolidaram a projeção do ciclismo de pista, alavancada no título olímpico de Rui Oliveira e Iúri Leitão, que se tornou o primeiro luso a ganhar duas medalhas na mesma edição dos Jogos, ao conquistar ainda a prata no omnium.
No verão passado, o gaiense de 28 anos esteve no velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines apenas como espetador, depois de ter sido preterido nas escolhas do selecionador Gabriel Mendes, um desgosto já ultrapassado.
“Eu sempre estive em paz [com o facto de não ter ido a Paris'2024], porque, sabendo que só podiam ir duas pessoas, foram escolhidos os dois melhores atletas e isso viu-se: em duas vertentes, ganhámos duas medalhas, uma de prata e outra de ouro”, concedeu.
Agora, Ivo Oliveira vai tentar garantir o seu lugar no próximo ciclo olímpico, que desemboca em Los Angeles, onde espera que o ciclismo de pista tenha uma visibilidade ainda maior.
“Com o título deles, eu acho que o ciclismo de pista foi muito mais falado e muito mais seguido. As pessoas já sabem o que é. Antes, nem faziam ideia do que era uma pista. Aquela visibilidade que eles tiveram depois ajudou imenso a que a pista crescesse. Isso foi positivo”, avaliou à agência Lusa.
O ciclista da UAE Emirates antevê que nos próximos Jogos o público possa prestar tanta atenção à pista como presta, por exemplo, ao atletismo, uma responsabilidade que os pistards lusos assumem sem preocupação.
“É óbvio que [os ciclistas que forem a Los Angeles'2028] vão levar um bocado mais pressão, mas eu acho que o pessoal lida bem com a responsabilidade e com a pressão”, pontuou.
Após dois anos frenéticos, a somar pontos para qualificar Portugal para Paris'2024, terá uma temporada mais sossegada na pista, com apenas duas corridas ao ano – os Europeus e os Mundiais -, o que lhe permite pensar mais na estrada.
“Estou a preparar-me para os próximos objetivos, que é o Paris-Nice, é uma corrida importante. Depois, objetivos pessoais tenho o contrarrelógio da Volta à Romandia, em que tento sempre vestir a amarela no primeiro dia. É complicado, mas é sempre aquele prólogo de três, quatro quilómetros que assenta muito bem às minhas características”, notou o campeão nacional de crono de 2020.
Em entrevista à agência Lusa, durante a 51.ª Volta ao Algarve que esta segunda-feira termina no alto do Malhão, Ivo Oliveira, que também foi campeão nacional de fundo em 2023, revelou ainda que tem como missão “tentar os sprints” com o irmão Rui e o colombiano Juan Sebastián Molano, já que ainda lhe falta uma vitória nessa especialidade.