Iuri Leitão: "Mediatismo afetou a época. Seria irresponsável desaproveitar"
Ciclista fez a estreia nos Jogos Olímpicos sendo o primeiro português a ganhar ouro e prata numa edição. Recebeu o Prémio Carlos Machado, referente à Personalidade do Ano de O JOGO
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O impacto das medalhas afetou-lhe o final da época?
- Afetou bastante. Não pelas medalhas em si, mas pelo mediatismo e as obrigações sociais - não as acho obrigações, mas sim oportunidades - que significaram. Achei que seria irresponsável não aproveitar. Após tanto trabalho, quando se concretiza um objetivo tão grande da nossa vida temos de o agarrar com as duas mãos e potenciar ao máximo esse resultado. Isso acabou por deixar em xeque parte da minha preparação e, quando comecei a treinar melhor, para enfrentar as últimas provas, fiquei doente. Terminei a época mais cedo.
Que doença foi essa?
- Acho que uma virose. Fiquei mal disposto, vomitei e no dia a seguir não me sentia bem e tinha febre.
Ficou algo por ganhar, ou foi uma época em cheio?
- Foi um ano em cheio. Se tivesse outro tipo de abordagem na parte final da temporada, se calhar até havia mais uma coisinha ou outra para picar o ponto. Mas não vale a pena sermos gananciosos, o ano foi excelente. Fui campeão da Europa de scratch pela terceira vez, bi-medalhado nos Jogos Olímpicos, ganhei três etapas em provas de estrada, não podia pedir muito mais.
Como foi a receção no pelotão? Apresentam-no como Iúri Leitão ou campeão olímpico?
- Tive a Volta à Alemanha logo a seguir aos Jogos Olímpicos e encontrei meia dúzia de ciclistas que tinham estado comigo em Paris. Foi engraçado e deu para confraternizar. Gosto mais de ser apresentado como Iúri Leitão, mas tenho sido muito mais vezes apresentado como campeão olímpico...