Iuri Leitão e o Prémio Carlos Machado: "É especial estar entre grandes nomes"
Campeão olímpico perdeu a conta ao número de convites que recebeu desde agosto, confessou que ainda não assimilou o impacto de tanta popularidade e destacou os prémios que mais o marcaram
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Impressionado por o Prémio Carlos Machado o colocar na restrita lista que tinha os nomes de Rúben Amorim, Sérgio Conceição e Fernando Gomes, o bi-medalhado olímpico deixou uma garantia importante: as distinções que tem acumulado desde que, em agosto, regressou de Paris, não lhe retiram a humildade e só lhe dão vontade de treinar ainda mais. Os prémios do Comité Olímpico de Portugal (COP), da ANOC (Associação dos Comités Olímpicos Nacionais) e da Federação Portuguesa de Futebol emocionaram-no e o de ética desportiva - por não ter atacado a medalha de ouro do francês Benjamin Thomas quando este caiu na última prova de omnium - surpreendeu-o, o que diz muito sobre a sua personalidade. O que mais o espantou chegou da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe.
Já sabe se as medalhas olímpicas mudaram a sua vida?
-Já sei que não mudaram a minha vida, disso tenho a certeza absoluta. Talvez seja um pouco mais reconhecido na rua, de resto é tudo igual.
Pelo menos percebeu o que significa ser campeão olímpico?
-Isso tem sido um processo. É uma habituação. Às vezes dou por mim a pensar nisso: realmente é uma realidade nova, uma ideia que está a custar assimilar. Era o objetivo de uma vida e vê-lo conseguido por vezes nem parece real.
É um processo que se deve notar quando vai na rua...
-Isso sim. Há uma responsabilidade, mas também alguma motivação. Ajuda a continuar o trabalho, sobretudo em dias mais difíceis, aqueles em que as condições não são as melhores para treinar. Lembrar as medalhas dá sempre aquele clique, é um pontinho extra de motivação.
Contou quantas entrevistas, homenagens e prémios teve desde os Jogos de Paris?
-Perdi a conta. Muitos, mesmo muitos.
Superou as expectativas que tinha?
-Isto é uma realidade nova. Não tinha qualquer tipo de expectativa, até porque não sabia se ia ser campeão olímpico. Depois foi tudo tão rápido que nem tive tempo de fazer uma previsão, de pensar no que iria acontecer. Mas tem sido muito bom, muito engraçado e, digamos, reconfortante receber tantos prémios. É sinal de que as pessoas estão orgulhosas e têm vontade de o demonstrar. Eu é que fico orgulhoso com isso.
Teve convites ou troféus inesperados?
-Receber a lata de conservas de ouro foi muito engraçado. Não esperava e é lindíssima, fizeram uma cerimónia espetacular. Também gostei muito da homenagem da Federação Portuguesa de Futebol. O prémio Quinas de Ouro tem um grande peso e estamos a falar da maior federação de Portugal. Esses dois prémios foram especiais, mas acho que os mais importantes são os do Comité Olímpico de Portugal, tanto o de Ética como o de Excelência Desportiva. Foram os prémios que me deixaram mais orgulhoso. O de Ética Desportiva, não sei se seria o mais justo vencedor, mas foi assim que o COP entendeu, pela minha atitude nos Jogos Olímpicos. O que aconteceu, para mim, foi uma atitude natural. Já partilhar o prémio de Excelência Desportiva com os outros três medalhados é motivo de extremo orgulho, é aquilo que todos queremos receber. São os melhores atletas dos Jogos Olímpicos, estar nesse patamar é especial.
Também teve uma distinção internacional da Associação dos Comités Olímpicos....
-Tão inesperada que nem sequer sabia que existia. Ser reconhecido por uma entidade tão importante pareceu um pouco estranho. Infelizmente não pude estar presente, estava fora do país, e o então presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, recebeu-o por mim.
Agora está a receber o Prémio Carlos Machado, de Personalidade do Ano para o jornal O JOGO. Como antecessores teve Rúben Amorim, Sérgio Conceição e Fernando Gomes. Fica em boas companhia?
-Ver quem já recebeu este prémio dá para perceber a sua importância e quão difícil é chegar ao patamar de o receber. Claro que, para mim, entrar nesta lista de grandes nomes do desporto português e do futebol é especial.
O prémio de O JOGO é mais um exemplo de que anda a rivalizar em importância com nomes grandes do futebol?...
-E isso é sempre complicado, não é? O futebol é o desporto que leva as atenções. Temo-nos esforçado, nos outros desportos, para também merecermos esse reconhecimento e projeção. Se calhar temos de trabalhar de forma redobrada para o conseguir, mas defendo que devemos fazer tudo para que as pessoas vejam aquilo de que somos capazes, que somos realmente bons atletas.