
CD Póvoa
Despromovidos no final de 2024/25, poveiros abriram a presente temporada com oito vitórias no mesmo número de jornadas e apuraram-se para os "oitavos" da Taça
A ausência do Desportivo da Póvoa da Liga Betclic, onde militou entre 2021/22 e 2024/25, com três presenças no play-off, pode ser de curta dura, a julgar pela campanha que está a realizar na Proliga. Os poveiros são a única equipa invicta do segundo escalão (oito triunfos), liderando com conforto na Zona Norte.
Sem esconder "alguma deceção" pela descida no final da época passada, a equipa às ordens de José Ricardo retirou ilações. "Não nos apercebemos atempadamente dos efeitos das novas regras colocadas pela AIMA [Agência para a Integração, Migrações e Asilo] e sofremos com a necessidade de substituir atletas. Esta temporada foi diferente, tínhamos o plantel completo na pré-época", contou a O JOGO o treinador, que lidera um plantel com três estrangeiros: Matic Lamut (Eslovénia), Scott Suggs (EUA) e François Kuyo (França/Costa do Marfim).
O primeiro, que assinou por dois anos, está "a ser uma agradável surpresa para quem acompanha a modalidade", pois é o segundo mais valioso da competição (17,4 pontos, 9,1 ressaltos e 3,6 assistências). Já Suggs, detentor de um currículo recheado aos 36 anos, é "um mentor dos mais novos e esse papel agrada-lhe".
Entre os portugueses, há um ADN poveiro e juventude. "Além dos jogadores de 'cantera', tivemos a preocupação de ir buscar jovens que nos permitam sonhar tê-los alguns anos, como são os casos do James James [Othuke] e do David Buccilli, com quem assinámos contratos de média duração. Também contamos ficar com o Dinis Machado vários anos. O Gonçalo Faria também vai dando os primeiros passos. E temos uma ligação forte à equipa B, que compete na terceira divisão", descreve Ricardo, defendendo que o Póvoa "joga um basquetebol atual, a campo inteiro e em contra-ataque constante", o que deverá chamar às bancadas, com o avançar da época, a mesma massa humana dos anos da Liga.
A fase positiva do Póvoa estende-se à Taça de Portugal, com a presença nos oitavos de final, que jogará contra a Ovarense, dia 14. "Queríamos muito chegar à eliminatória das equipas da Liga e estamos com expectativas elevadas sobre as dificuldades que lhes podemos criar", antecipa José Ricardo.
"Proliga está mais forte"
Com a despromoção do Póvoa em 2024/25, José Ricardo, de 59 anos, voltou a treinar na Proliga, como sucedeu em 2019/20 e 2020/21. Anteriormente, o técnico natural da Póvoa de Varzim trabalhou nesse escalão pelo Basquete de Barcelos (de 2008 a 2011), em outra caminhada até ao topo, notando progressos na segunda divisão portuguesa, criada em 2003/04 (nos primeiros cinco anos como prova mais importante organizada pela Federação).
"É uma competição muito interessante, que me agrada pelo número de jogos que proporciona [n.d.r.: 28 antes do play-off, repartidos em duas fases]. Está cada vez mais forte, cada vez mais bem organizada. Percebe-se que a maioria das equipas tem suporte humano, com muita gente envolvida, bons plantéis, bons pavilhões. A divisão superior também melhorou consideravelmente nos últimos anos. Há dimensão humana, já não é só um treinador. Há adjuntos, preparadores físicos, nutricionistas, responsáveis por equipamentos... Há uma grande diferença face ao que se observava há dez anos e na Proliga também se percebe isso", analisa o treinador, que, na Liga, já comandou Oliveirense e Benfica.
Uma máquina grande e eclética
A caminho dos 82 anos de existência, a celebrar no dia 26, o Desportivo da Póvoa tem basquetebol há 54, mas nos últimos anos tem-se destacado pelo ecletismo, contando com mais sete modalidades ativas: hóquei em patins (este na I Divisão), atletismo, badminton, basquetebol, futevolei, futsal, ténis de mesa e voleibol. "O hóquei foi rejuvenescido há um ano e meio, o futsal tem três anos no clube e já possui cem atletas a praticar. Recuperámos o ténis de mesa há dois e temos todos os escalões", elenca o presidente Sérgio Duarte. Ao todo, os poveiros abarcam cerca de 900 atletas, "uma máquina muito grande". "Somos um clube abrangente. A formação é uma das nossas maiores bandeiras. No basquetebol, temos 300 inscritos, com uma estrutura sustentável, uma imagem de coerência e credibilidade", enaltece Duarte.
Aprender nos maiores palcos
Presidente desde fevereiro de 2022, mas já no segundo mandato, Sérgio Duarte (foto), de 46 anos, revelou mente aberta no cargo, indo ao encontro de exemplos internacionais. "Tive um convite e fui conhecer a dinâmica do Aris de Salónica, da Grécia, que tem tradições brutais. Também já fui aos EUA e, em breve, irei à Sérvia. A ideia é entender junto dos mais experientes, dos melhores campeonatos e equipas a forma como trabalham o basquetebol e adequar à nossa realidade", explica o antigo extremo, que foi orientado por José Ricardo 12 anos em vários projetos.

