A lecionar no ISMAI, o selecionador nacional preferiu valorizar a vertente familiar, dizendo a O JOGO que a compensação financeira oferecida não era suficiente para o aliciar a ficar no Sporting.
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Hugo Silva deixou o cargo de treinador de voleibol do Sporting. Sem mágoas, aponta a O JOGO erros na temporada e reconhece que a redução do investimento dos leões e a mudança para Lisboa pesaram para a rescisão amigável.
O Sporting não quis contar consigo para 2019/20?
-Nunca me foi proposto sair. A opção foi minha. O Sporting tudo fez para que continuasse.
Mas tinha um ano de contrato...
-Acordámos uma rescisão amigável. Não quero mais nada do clube. Só quero que me recordem pela paixão que tive pelo Sporting.
A exigência da Direção de mudar a equipa para Lisboa [treinava em Fiães] ditou este desfecho?
-O clube esgotou tudo o que podia esgotar. Contudo, existem outros valores que pesaram na minha decisão. Privilegiei a vertente familiar e não acho benéfica a mudança para Lisboa. Sou professor no Instituto Politécnico da Maia [ISMAI] também.
Mas o clube procurou negociar convosco?
-Houve um esforço para dar condições maiores, para compensar a mudança, mas não foram suficientes. Foi tudo muito rápido. Claro que o clube ganha em ter todas as modalidades no mesmo espaço, mas isso foi-nos comunicado enquanto estávamos na decisão pelo título, no play-off.
E os jogadores ficam?
-É difícil. Alguns estavam no projeto por estarem perto de casa.
Alguns atletas renovaram antes da saída do Hugo. Foi feito à sua revelia?
-A partir do momento em que decido sair, já não passa por mim. Dei contactos à Direção para trazermos alguns jogadores, com um projeto ambicioso para reconquistar o título. O clube vai reduzir o investimento nas modalidades. O projeto fica menos aliciante, mas acredito que o Sporting estará forte.
A pressão aumentou por não vencerem?
-Sempre me apoiaram, mal seria... Fomos campeões no regresso do clube à modalidade. Nenhum jogador me foi imposto, tive carta branca nas decisões.
Então, o que falhou?
-Como disse, o momento em que nos comunicaram a possibilidade Lisboa não foi bom. Contudo, as culpas também são minhas. As escolhas dos jogadores não foram boas. Fui enganado pelos empresários e aprendi. Não ganhámos, mas ficámos perto de uma final europeia e ombreámos pelo título com o Benfica.
Fica só pela seleção?
-Sim. Não tenho espírito emigrante. Tive propostas do estrangeiro ao longo do tempo, mas escolho a estabilidade.