As duas equipas portuguesas treinam em patins com rodas numa pista de hóquei tradicional.
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O futuro do hóquei no gelo nacional dependerá da construção do primeiro pavilhão de gelo permanente com dimensões oficiais, admitiu, esta terça-feira, à Lusa o presidente da Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP).
"Neste momento pensamos na definição de um local de prática, com acessibilidade, dimensões e características para que o país consiga desenvolver modalidades praticadas no gelo, atraindo também equipas estrangeiras, competições internacionais e outros eventos além dos desportivos. Esta é a primeira grande necessidade, que terá de ser muito bem avaliada para que nada falhe", explicou Pedro Farromba, enfatizando que Portugal mostra uma "tendência natural histórica para a patinagem".
O processo já está em marcha, em colaboração com o selecionador português, Jim Alred, e a coordenadora da modalidade, Cristina Lopes, tendo possíveis investidores identificados e alguns contactos bem-sucedidos, embora o líder federativo não arrisque uma data para a conclusão da empreitada, estimada em dois milhões de euros.
"O desenho ainda não saiu das nossas cabeças, mas continua à disposição de quem o queira consultar e tenho fundadas expectativas de que as coisas estão a correr muito bem", assegurou, sem adiantar detalhes acerca da zona preferencial de construção, que incluirá balneários, bancadas e outros serviços de apoio.
Até ver, as duas equipas portuguesas, seleção e Luso Lynx, treinam em patins com rodas numa pista de hóquei tradicional, à exceção da quadra natalícia, na qual aproveitam as pistas de gelo temporárias, muito para lá do Palácio do Gelo em Viseu, recinto de reduzidas dimensões, com mais de 20 anos, situado numa zona de restauração de um centro comercial.
"As tabelas no rinque de Sintra não vão até ao chão, pelo que os discos passam por baixo e o treino tem de ser interrompido. Mesmo no Natal, as pistas não estão equipadas nem têm as medidas certas para se jogar a 100%", notou Jim, para quem a concretização do pavilhão de gelo seria "um sonho".
Portugal costuma ter clima mediterrânico, realidade que o selecionador diz ser "absolutamente compatível" com a prática sustentada de modalidades de inverno: "Há outros países de temperaturas idênticas, como Espanha, que têm mais de uma pista de gelo aberta ao público durante o ano inteiro. Os jogadores podem vir cá treinar e nas horas vagas irem passear nas cidades ou à praia", exemplificou.
Investidores à parte, Pedro Farromba considera que o hóquei no gelo português deu um passo em frente desde que é tutelado pela FDIP, estrutura que filiou a modalidade na Federação Internacional de Hóquei, num congresso mundial realizado em maio de 2018, em Copenhaga.
"O hóquei, tal como o curling e o luge, veio a talho de foice da evolução que temos tido noutras modalidades, não de gelo, mas de neve, como o esqui alpino e o snowboard. Os resultados obtidos deram-nos alguma força junto das instituições nacionais e das federações internacionais para podermos desenvolver construtivamente esses novos desportos em Portugal", frisou, contabilizando cerca de 50 praticantes federados.
Mais do que cimentar o escalão sénior, o presidente da FDIP manifesta uma "vontade enorme" em fortalecer as bases da modalidade de norte a sul, num país com "apetência fantástica para novos desportos".
"Isso vai passar pela divulgação nas escolas e pela formação de alunos, professores e árbitros. Se conseguirmos agarrar estas pessoas poderemos vir a ter muitos e ótimos praticantes de hóquei no gelo", terminou.