O piloto Hélder Rodrigues assume aos 37 anos sentir-se "como um jovem" e recusa ser considerado "um veterano" por estar prestes a iniciar a sua 11.ª participação na categoria de motos do Rali Dakar.
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"É uma corrida tão imensa e difícil que nunca sentimos que sabemos tudo. Em cada ano há uma coisa nova e nunca conseguimos ter esse controlo, mas, com os Dakar que já fiz, tenho muita experiência", afirma o 'motard' português.
Em entrevista à Lusa, Hélder Rodrigues salienta que a mudança da competição de África para a América do Sul não retirou encanto à prova, tendo mesmo atraído "mais gente e mais televisões". "É uma corrida pela qual esperamos o ano todo. A sua dificuldade também faz o encanto. É algo muito competitivo. O Dakar deu uma grande volta na América do Sul", refere.
Uma década a disputar a mítica prova de todo-o-terreno não impede o piloto luso de ser constantemente surpreendido e a introdução de 'way-points' invisíveis nesta edição é encarada como mais um dos diversos obstáculos no percurso.
"Há o fator altitude, o que causa problemas; o novo ponto de navegação de 'way-points' invisíveis, nos quais nenhum piloto tem a certeza do que se vai passar e em que se pode perder facilmente uma hora; depois, há tudo o resto, porque o Dakar é sempre duro e difícil", resume.
Com o arranque da competição marcado para 02 de janeiro, Hélder Rodrigues admite já alguma "ansiedade", até pelo envolvimento e investimento de toda uma estrutura da Yamaha para tentar chegar ao triunfo final.
"A Yamaha está a fazer um esforço enorme na Europa. É uma estrutura europeia que estamos a trabalhar para profissionalizar e tentar vencer o Dakar. Isso demora algum tempo e é preciso algum investimento. Estamos nesse caminho e é esse o objetivo".
Depois de dois terceiros lugares (2011 e 2012) e oito vitórias em etapas em dez participações completas, o 'motard' assegura que o facto de ser português foi uma das razões para nunca ter terminado no primeiro lugar.
"Temos um país e um mercado pequenos e é difícil entrarmos numa equipa. Nós, portugueses, lutamos com isso. Durante muitos anos fiz nono lugar, quinto, quarto, dois pódios, e só depois é que fui para uma equipa oficial. Noutro país ia para uma equipa oficial logo na primeira vez que fiquei em quinto lugar", explica.
Paralelamente, a experiência acumulada ao longo de dez edições não faz Hélder Rodrigues pensar na 'meta final' da sua carreira. "Neste momento ainda tenho vontade de treinar e andar de mota. Não penso sequer em desistir ou abandonar a minha carreira. Sei que posso dar muito ao rali com a minha experiência e o meu trabalho", sentencia.
Para esta 11.ª participação, o piloto português vai levar um capacete desenhado por um fã, que evoca a ligação de símbolos portugueses, como a Torre de Belém, com imagens icónicas do Dakar. O designer Ricardo Rodrigues, de 39 anos, foi o vencedor da iniciativa para ilustrar o capacete e explicou à Lusa a sua inspiração para este projeto.
"A ideia era fazer uma ponte entre Portugal e o universo do Dakar. Daí surgiu a ideia desta ilustração. Gosto bastante de motas. O Hélder adorou o capacete, o que me deixa muito satisfeito. Espero que lhe dê sorte", afirma.
O Rali Dakar 2017 arranca a 02 de janeiro, em Assunção, no Paraguai, percorre durante várias etapas a Bolívia e termina a 14, em Buenos Aires.