<strong>TEMA - </strong>A Missão nacional para os Jogos Olímpicos do próximo ano, em Tóquio, poderá ter portugueses em três das cinco novas modalidades, um feito atendendo a que basebol e escalada nunca foram hipóteses. Frederico Morais já garantiu um lugar no surf e entre os que se seguem até pode haver candidatos a medalhas.
Corpo do artigo
A meta de Frederico Morais era recente - "Só há muito pouco tempo é que comecei a sonhar; quando se começou a falar disto e a ser mais palpável, defini como objetivo ser um atleta olímpico", recordou -, mas o atleta do Guincho conseguiu, à primeira oportunidade, colocar o surf português nos Jogos Olímpicos do próximo ano, edição em que a modalidade se estreia no programa, a par do karaté, skate, escalada e basebol/softebol (este um regresso, após ser retirado a seguir a Pequim"2008).
O skater Gustavo Ribeiro e os karatecas Patrícia Esparteiro e Filipe Reis são os mais bem colocados para um apuramento histórico. E ainda há que contar com as novas disciplinas
Como nos Mundiais ISA de 2020 ainda se jogam mais lugares para Tóquio"2020, o Comité Olímpico de Portugal (COP) espera qualificar outro surfista masculino e dois femininos, dando conta das suas expectativas a O JOGO. E nos novos desportos, integrados para tornar os Jogos "mais jovens, mais urbanos e incluir mais mulheres", nas palavras do líder do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, o surfista não deverá ser caso único de apuramento histórico.
A previsão do COP é levar entre 70 a 80 atletas aos Jogos - no Rio"2016 estiveram 92 em 16 modalidades
Com 18 anos, o skater Gustavo Ribeiro está muito próximo de seguir o exemplo de Kikas, pois é terceiro do ranking de qualificação olímpica. O jovem está agora em São Paulo, no campeonato do mundo, naturalmente a prova mais valiosa para estas contas. "Ele está numa posição excelente", sublinhou o diretor técnico do COP, Pedro Roque, lembrando igualmente as possibilidades do karaté, "tanto na variante de kata, com a Patrícia Esparteiro, que obteve um excelente resultado nos Jogos Europeus [medalha de bronze], como em kumité, com o Filipe Reis". Aqui, no entanto, a qualificação é bem apertada - apenas competirão dez atletas por categoria.
De fora no basebol e no softebol, Portugal também "não tem nenhum atleta sinalizado na escalada, seja para integrar o projeto olímpico, seja para ir aos Jogos", isto depois de, nos últimos anos, a tutela da modalidade ter sido disputada entre a Federação Portuguesa de Campismo e Montanhismo (com estatuto de utilidade pública mas sem reconhecimento internacional) e a Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada (sem estatuto mas legitimada internacionalmente).
As 13 disciplinas novas
Além de cinco novos desportos, o programa de Tóquio"2020 também foi alargado com inclusão de 13 novas disciplinas dentro de modalidades que já existiam - é o caso dos 1500 metros livres da natação, para os quais já se apuraram Diana Durães e Tamila Holub -, fazendo subir para 339 o número de medalhas de ouro a serem entregues no Japão. Em nome da igualdade de género, natação, atletismo, tiro com arco, judo, tiro, ténis de mesa e triatlo viram ser-lhes acrescentados eventos mistos, que dobraram em relação ao Rio"2016 (de nove para 18).
Sem lugar no basquetebol 3x3 nem no BMX Freestyle, será sobretudo a essas provas mistas que Portugal pisca o olho: a estafeta 4x400 composta por Ricardo dos Santos, Rivinilda Mentai, João Coelho e Cátia Azevedo foi bronze nos Jogos Europeus de Minsk, com um registo (3m19,63s) que valeria um 11.º lugar no campeonato do mundo. Noutros casos, como a estafeta mista do triatlo ou as duplas mistas do ténis de mesa, haverá um evento de qualificação em 2020. No judo, Portugal depende do apuramento individual de mais um atleta masculino. "Temos de nos qualificar em três categorias em cada género e neste momento não temos ninguém nos -73 kg. Se fosse hoje, não haveria lugar na prova de equipas nos Jogos", explica Roque.
Há 24 já com passaporte
Com o apuramento que Frederico Morais alcançou para Portugal - deverá ser ele a ocupar a vaga -, subiu para oito o número de modalidades que já têm representação nacional nos Jogos e o surfista passará para o nível "top elite" no projeto de preparação olímpica (receberá 1375 euros mensais e uma bolsa destinada ao treinador). Até aqui, Kikas estava no patamar "apoio à qualificação", no qual os atletas recebem, no mínimo, 600 euros por mês.
A Missão de Portugal já tem 24 nomes para Tóquio. Seriam 25, mas, do quarteto que se apurou na prova de ensino em equestre, apenas três cavaleiros entram em ação nos Jogos
A 305 dias dos Jogos, há 25 portugueses apurados para Tóquio - mas um dos quatro do hipismo terá de ficar de fora, reduzindo a lista a 24 - e a grelha de integração no projeto olímpico, sempre em atualização, abrange mais de cem atletas. "Estamos dentro das expectativas. Naturalmente há um ou outro atleta que gostaríamos que já estivesse qualificado, mas outros conseguiram-no mais rápido do que estávamos à espera. No projeto, em 2018, abrimos um pouco os critérios; em 2019 estamos a fechá-los e, em 2020, já só estarão atletas que estejam assegurados ou tenham obtido resultados dentro dos padrões de apuramento para os Jogos", finaliza Pedro Roque.
Um autêntico entra e sai de modalidades
Atento ao facto de a transmissão online da última prova da World Surf League de 2014 ter sido seguida por 6,2 milhões de adeptos, o Comité Olímpico Internacional quis cativar novos públicos, incluindo a modalidade em Tóquio"2020. Essa foi também a razão para as entradas de escalada e skate.
Karaté e basebol já não estarão em Paris"2024, onde se estreará o breakdance. A aposta é nos "novos públicos"
Estes três desportos até já foram convidados a continuar em Paris"2024, para acompanhar a estreia do breakdance, enquanto o basebol/softebol e o karaté, mais tradicionais e que estarão em Tóquio"2020, não ficarão. Aquele último terá uma passagem única pelo programa dos Jogos, mas, ainda a aguardar uma resposta definitiva, o COP tem jovens karatecas inseridos no programa de esperanças olímpicas. Desde Atenas"1896 foram inúmeras as mudanças de alinhamento e os Jogos já tiveram modalidades como o croquet, tração à corda, as rackets, o "jeu de paume" (antecessor do ténis, quando não havia raquetes) ou a pelota basca.
Nos desportos-demonstração (houve 29 e eram escolhidos por serem populares nas cidades-sede, mas não valiam para o medalheiro), o hóquei em patins teve o seu momento em Barcelona"1992. Desde então, o COI acabou com essa categoria.