Gustavo Veloso deixa ciclismo profissional e lembra saída da W52-FC Porto: "Não estava mal"
O contrarrelogista que virou trepador foi homenageado ao longo do ano e entende que deixa a equipa do Atum General Tavira "bem entregue" a Marque. Diz ter feito bem em sair da W52-FC Porto
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Aos 41 anos, Gustavo Veloso sai do ciclismo profissional e despediu-se na terça-feira da modalidade e em Tavira, cidade que tem o habitual Festival de Pista a 5 de outubro. Através de O JOGO agradeceu o apoio dos portugueses.
Em Tavira despediu-se ontem um galego que será eternizado em Portugal e que se sente em casa apesar de ter nascido em Espanha. Através de O JOGO, Gustavo agradece o carinho
"Quando corri em Espanha corri em provas internacionais. É um país grande e tenho um reconhecimento importante na Galiza, claro, mas em Portugal fiz a minha carreira. Foram muitos anos. Sinto-me respeitado pelos colegas e rivais, sinto um calor especial e não sou tratado de maneira diferente por ser espanhol. É como se fosse português. Quando desço o Minho sinto-me em casa. Há algo mais do que os resultados no desporto. Não queria despedir-me sem as pessoas na estrada e este ano, nas subidas à Senhora da Graça e ao Larouco, pude reparar nas pessoas, ver como nos apoiam", conta ao nosso jornal o natural da Galiza, lançado pelo Boavista, onde esteve de 2001 a 2003, regressando a Portugal em 2013 para não mais sair, já depois de vencer uma etapa na Volta a Espanha, em 2009, e a Volta à Catalunha de 2008.
"Quase que ainda não me deu tempo para assimilar tudo. Foi tudo rápido. A primeira vitória é importante, mas a Catalunha, a Vuelta também e, claro, a primeira na Volta a Portugal. Nunca pensei aguentar a montanha e vencer a corrida", comenta, entre risos, mostrando-se satisfeito por ter rumado ao Atum General Tavira Maria Nova Hotel depois de ter vencido duas Voltas a Portugal e ter feito mais três pódios no Norte. "Foram oito anos na estrutura que é agora a W52-FC Porto. Não estava mal, mas queria mudar. Era a melhor equipa para a qual me podia mudar. Vim para aqui com o sonho da terceira Volta a Portugal. Cheguei a discutir a Volta, estava nos primeiros lugares, mas tive a queda. Não sei o que poderia acontecer se não tivesse caído, mas, acima de tudo, podíamos ter jogado de outra forma, porque eu e o Marque estaríamos em boas condições na geral."
"Quando desço o Minho sinto-me em casa. É como se fosse português"
O futuro diz querer ser ligado ao ciclismo, como diretor, treinador ou mecânico, e entende que da Galiza ainda são precisos "três ou quatro anos" para outro homem que discuta a Volta a Portugal. Mas o Tavira está seguro e a Glassdrive-Q8 também: "Levámos a etapa rainha e fizemos pódio com o Marque. O Marque é um homem da casa, já ganhou uma Volta e fez dois pódios. Está bem entregue e a equipa teve uma grande atitude. E há que dizer que o homem que estava acima de todos, o Mauricio Moreia, não ganhou."
Do estrangeiro só Blanco deu luta
David Blanco é o maior vencedor da Volta a Portugal. Ganhou cinco vezes a prova e, quando se retirou, em 2012, dificilmente imaginaria que, em apenas dez anos, outro galego o igualasse em pódios. Mas assim foi. Gustavo Veloso termina a carreira com cinco pódios, sendo o estrangeiro, a par de Blanco, com mais posições nos três primeiros. Perde nas vitórias de geral, pois ganhou duas, mas bate o compatriota nas etapas vencidas. Blanco teve 7, Veloso 12, sendo o 13.º melhor atleta nesse particular e o estrangeiro mais forte. Ganhou cinco contrarrelógios, na Torre e na Senhora da Graça.