Grande Prémio Douro Internacional inicia-se hoje, com os primeiros 117,7 quilómetros por Tabuaço. Sobe e desce constante, próprio da região por onde passa a prova, aliado às elevadas temperaturas, prometem levar os ciclistas ao limite, na antecâmara da Volta a Portugal.
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Após o sucesso no ano inaugural, o Grande Prémio Douro Internacional, sob a alçada da Global Media (detentora de O JOGO e Jornal de Notícias), volta hoje à estrada para a segunda edição, com os primeiros 117,7 quilómetros, partida e meta em Tabuaço. Adiada de maio para agora, devido ao impasse que existiu em torno da W52-FC Porto, a prova é encarada como um derradeiro ensaio para a Volta a Portugal em bicicleta (4 a 15 de agosto), impressionando pela dureza que vai colocar aos 102 corredores ao longo de quatro dias e 417,4 quilómetros, não só pelo constante sobe e desce, como também pelas elevadas temperaturas que se fazem sentir no país
Os ciclistas das 10 equipas continentais portuguesas, das quatro formações de clube (sub-23) e de um conjunto espanhol vão ser colocados à prova diariamente e nem o facto de a jornada de hoje ser a mais curta etapa em linha será sinónimo de facilidades, com três contagens de montanha (uma primeira categoria, uma segunda e uma terceira, sucessivamente) que farão uma primeira seleção de valores.
Entre os municípios envolvidos, todos são repetentes, à exceção de Armamar, que se estreia amanhã, oferecendo uma "viagem" pelas margens do Douro em parte do percurso (cerca de 15 quilómetros de rara beleza pela N222) e o derradeiro final em subida antes do da Volta (vão ser 6,7 quilómetros a subir com 6,8 por cento de inclinação e 485 metros de acumulado). Tal como há um ano, Resende volta a ser palco do contrarrelógio, mas este também cresceu na exigência: por oposição aos 10,8 quilómetros de 2021, os 29,1 a percorrer no sábado perfazem o terceiro "crono" mais longo da temporada.
A coroação, no domingo, vai acontecer em Lamego, mas nenhum dos favoritos pode estar descansado antes de cumpridas as cinco voltas ao circuito de montanha (inclui uma segunda categoria), que surge como novidade. Assim, face à ausência do uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8), apostado na Volta a Portugal depois de ter tido covid-19 pela segunda vez, saber-se que o vencedor não se vai repetir é a única certeza!
Glassdrive-Q8 vai embalada
Vinda de um assinalável recorde de vitórias em 2021 (23), a Glassdrive-Q8-Anicolor parece lançada para um novo máximo, pois já soma 13 triunfos, que sobem a 16 se contabilizados os sucessos em sub-23 (Pedro Silva na Volta a Portugal do Futuro e Afonso Eulálio nos Nacionais do escalão) e nos Jogos do Mediterrâneo (Rafael Reis no contrarrelógio). Em sentido contrário, a W52-FC Porto, de volta após a ausência no GP Internacional de Torres Vedras/Troféu Joaquim Agostinho e poupando Amaro Antunes para a Volta a Portugal, apresenta-se sem vitórias até julho pela primeira vez.
Um espetáculo que promete
O Grande Prémio Douro Internacional volta a terminar em Lamego, mas desta vez numa etapa em exclusivo no concelho viseense, com partida e chegada na Avenida Dr. Alfredo Sousa.
Os 148 quilómetros deste quarto dia serão os mais duros de toda a prova, com cinco subidas entre a Régua e Lamego, podendo assistir-se a um dos maiores espetáculos de ciclismo do ano. "É uma satisfação redobrada para nós, por podermos emprestar a beleza da nossa avenida, aos pés do santuário de Nossa Senhora dos Remédios, para este final empolgante", disse o presidente da Câmara Municipal, Francisco Lopes.
Localizado no "centro" da corrida, servindo de alojamento para a maioria da caravana ao longo de quatro dias, o que tem um impacto positivo para os cofres da região, Lamego pode ir mais além. "Esta prova tem o interesse de equipas internacionais mas é, geograficamente, apenas do Douro Nacional. Por isso, é pertinente haver a sua expansão", atestou o autarca.
Na terra que viu nascer o jovem ciclista Gaspar Gonçalves, que na primeira edição desta prova subiu ao pódio em "casa", recebendo uma grande ovação, o ciclismo é muito apreciado. "Faz jus ao gosto que os lamecenses têm por esta modalidade, e vemos no Gaspar a esperança de continuarmos a ver pessoas do município a correr nas mais importantes provas de ciclismo nacional", referiu Lopes, relembrando que também o pai do corredor da Efapel Cycling, com o mesmo nome, tem "uma ligação de décadas ao ciclismo" - foi profissional uma década.
A relação que o concelho tem com a modalidade vai além do gosto por acolher diversas provas, ganhando cada vez mais praticantes, nomeadamente na Associação Desportiva de Ciclismo Lamego Bike. "É o clube mais representativo na modalidade. E existem, também, inúmeros grupos informais que praticam ciclismo amador, mas de grande nível", afirmou. O Complexo Desportivo de Lamego espelha a tradição desportiva existente no município, que tem como principais modalidades praticadas "futebol, andebol, futsal e voleibol", passando pelo "mini-golfe ou o ténis de mesa, até às artes marciais e aos desportos motorizados", enumerou Francisco Lopes, acrescentando que o Centro Municipal de Marcha e Corrida, outra grande aposta da autarquia, encontra-se "infelizmente interrompida pela pandemia".
Nunca se viu uma etapa assim
Das etapas de Tabuaço, Armamar e em especial do contrarrelógio de Resende vão sair indicações claras quanto a um candidato à conquista do Grande Prémio do Douro Internacional, mas ninguém poderá cantar vitória antes da meta final de Lamego, tanta é a dificuldade reservada para a derradeira etapa, de 148 quilómetros, mas sendo num circuito como nunca antes se viu.
Os corredores vão dar cinco voltas num trajeto por Samodães e daí até à margem do rio Douro, subindo depois para a Avenida Visconde Guedes Teixeira, em Lamego, para terem a contagem de montanha em Almacave. Cada volta terá 29,7 km e uma contagem de segunda categoria, pois serão sempre 13,8 km a subir, inclinados a 3,4%. É uma ascensão suave, mas que pesará muito nas pernas quando se chegar ao final: aí o somatório será um total de 68,7 km a trepar e de 2600 metros de acumulado.
Lamego será o último grande teste antes da Volta a Portugal e com uma proposta de dureza inigualável para os ciclistas - se atacarem a sério poderá ser a melhor etapa do ano - e de espetáculo único para o público. Sendo raras as oportunidades de ver passar os ciclistas cinco vezes - partida às 11h50 e chegada depois das 15h42, na Avenida Dr. Alfredo Sousa -, será ainda mais interessante aplaudi-los em percurso de montanha.