Giro: Roglic entre a má recordação da cronoescalada e as alegrias dos saltos de esqui
Esloveno foi campeão mundial júnior de saltos em Tarvisio, regressando hoje para tentar ganhar a Volta a Itália
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Primoz Roglic parte hoje a 26 segundos de Geraint Thomas para o contrarrelógio decisivo do Giro. A última vez que uma Grande Volta se decidiu num "crono" para trepadores foi no Tour de 2020 e o esloveno perdeu, nessa altura, os 57 segundos de avanço que tinha para Tadej Pogacar, da UAE, vendo o compatriota ganhar na Planche des Belles Filles e vestir de amarelo ao deixá-lo a quase dois minutos em 36 km (com seis de escalada a 8,4%). Thomas não é Pogacar, mas é também um especialista e tem uma vantagem razoável. A batalha será feroz e os 18,6 km de Monte Lussari ainda mais duros: os últimos 7,3 km têm uma média de 11,2% de inclinação e um quilómetro a 18,5%. Os primeiros 11 km serão com bicicleta de "crono" e haverá uma troca antes da escalada.
João Almeida, sendo um especialista na corrida individual e fazendo as subidas a ritmo, será dos candidatos ao triunfo na etapa - apesar das inclinações excessivas -, mas tirar 33 segundos a Roglic e 59 a Thomas parece demasiado difícil, apesar das semelhanças com 2020: desde o desenho da etapa até à distância para o líder, além de, tal como Pogacar, ser da UAE e vestir a camisola branca.
"Vai ser super renhido, tudo poderá acontecer. Será excitante de ver, horrível de fazer", diz o experiente Geraint Thomas, com Primoz Roglic a ter um discurso animador: "As pernas estão de volta. Tenho fé num bom resultado".
O esloveno, por sinal, já viveu dias felizes na cidade da partida de hoje, Tarvisio.
Foi lá que se sagrou campeão mundial por equipas, ainda no escalão de juniores. Na altura, a Eslovénia bateu o Japão e a Finlândia e nesse ano de 2007 Roglic foi mesmo o melhor do seu conjunto. Foi o seu grande momento nos saltos até ao acidente em Planica, que lhe arriscou a vida, e que prejudicou a sua afirmação como profissional. "Não tive medo e arrisquei demais", lembrou em 2020 depois de ser segundo no Tour.
Quem lhe projetava uma carreira brilhante nessa altura teve de arrumar as expectativas, pois nunca conseguiu recuperar totalmente do incidente. De 2003 a 2011 realizou 150 saltos competitivos e ganhou duas Taças Continentais, mas nunca alcançou o que se pensava nas Taças do Mundo.
Hoje, em Tarvisio, terá certamente essa carreira frustrada na mente. Vencedor de três Vueltas, Roglic tentará obter finalmente a vitória no Giro, a primeira Grande Volta em que foi líder inequívoco da Jumbo-Visma, fechando no pódio em 2019, depois de ser superiormente batido pela Movistar, com Richard Carapaz.