Fernando Sá e o momento após triunfo no Dragão Arena: "Às vezes passo a ser adepto..."
Treinador de basquetebol do FC Porto não quer euforias, apesar do excelente momento
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“A equipa tem vindo a melhorar, está confiante, as garantias que nos têm dado em termos defensivos andam à volta disto, de só sofrer 67, 70 ou 72 pontos, o que nos deixa muito mais perto de vencer”. A análise de Fernando Sá, treinador do FC Porto, em conversa com O JOGO após a partida de quarta-feira frente ao Manisa, é de quem vê um conjunto forte, mas nem por isso o portuense deixa de ser frio. “Só temos uma derrota, é verdade, mas quero olhar para isto de forma sólida, com os pés bem assentes no chão e como tendo um bom ponto de partida para tudo aquilo que temos para fazer”, diz.
Caráter e personalidade dos atletas foi vincada pelo treinador, que leva oito vitórias nos nove jogos da época e esta semana viu a equipa arrasar o Manisa (84-67), com o qual sofrera a única derrota.
“No ano passado por esta altura estávamos com as mesmas sensações e o final da época não correu bem. Portanto, não há euforias”, prosseguiu, admitindo: “Estamos com bom ambiente, é verdade, os adeptos estão ligados à equipa, nós estamos ligados aos adeptos, estou com sensações positivas em relação aquilo que gostava de ter nas minhas mãos como equipa, andamos todos a falar em jogadores à Porto, em jogar à Porto e, para já, sinto que é isso que está a acontecer”.
“Temos um grupo de jogadores à Porto. Sabem que aqui a derrota tem um peso diferente”
Esta expressão - jogador à Porto - é, relativamente às várias equipas dos azuis e brancos, usada com certa frequência. “Um jogador à Porto é aquele coloca sempre os interesses do clube acima de tudo, que tem como prioridade os objetivos da equipa e não os individuais e que percebe também que este é um clube especial, no qual a derrota tem um peso diferente”, explicou quem sabe.
“Deixa-me muito satisfeito o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”
Para manter este bom momento, e, especialmente, não repetir o desfecho da temporada anterior, como o próprio Sá referiu, não é necessário muito e o próprio treinador assume as suas responsabilidades. “É preciso eu não estar enganado relativamente ao caráter e à personalidade que os meus jogadores têm apresentado. Neste momento, deixa-me muito satisfeito o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, a forma como eles o têm praticado, como têm gerido as coisas uns com os outros”, referiu, dando um exemplo concreto relacionado com o jogo da terceira jornada da FIBA Europe Cup: “Nós tivemos jogadores importantíssimos que só fizeram dois minutos; o [João] Guerreiro, que não jogou, tem tido um papel fundamental a nível de treino e de grupo e, para mim, foi tão importante durante a semana toda como o Melvin, que fez os 40 minutos, assim como os jogadores que fizeram pouco tempo”.
“Se fizermos a quarta vitória..."
Caminho na FIBA Europe Cup tem sido imaculado. Fernando Sá diz que nada está assegurado, mas sabe que está próximo.
Com a vitória, categórica, frente ao turco Manisa, o FC Porto está no bom caminho para assegurar a presença na segunda fase de grupos da FIBA Europe Cup. “O apuramento não está garantido, mas esta foi uma vitória importante nesse sentido”, assumiu Fernando Sá. “Temos, a seguir, mais um jogo com a equipa sueca, o Norrkoping. Sei que ninguém a conhece e às vezes as pessoas tendem a desvalorizar, mas é uma equipa muito complicada, normalmente é campeã da Suécia, tem um excelente investimento e muito bons jogadores”, explicou. “Temos, por isso, de estar ao mesmo nível e, se conseguirmos as quatro vitórias, já teremos mais ou menos a qualificação garantida, entre o primeiro e o segundo lugar”, declarou o treinador do FC Porto. “Até agora é um caminho perfeito”, sublinhou ainda.
“Às vezes passo a ser adepto”
No final do jogo com o Manisa, Fernando Sá não se conteve e, visivelmente entusiasmado, cantou com os adeptos, punho cerrado na direção destes.
“Às vezes arrependo-me dessas coisas, mas não tenho pelo que me arrepender, porque realmente é um orgulho muito grande estar aqui, envolvido com esta gente. Eu passo para o outro lado, deixo de ser treinador e passo a ser adepto e gosto de me envolver com isso, é como se estivesse no estádio”, justificou.
“Adepto do FC Porto, é claro, desde sempre e disso não há dúvidas nenhumas”, atirou Sá, natural do Porto, com 54 anos.