Fernando Pimenta: "Se sou o Cristiano Ronaldo da canoagem? Mais ou menos..."
Fernando Pimenta, com dois ouros na mão, o de K1 1000 e K1 5000, perspetivou o futuro, que passa por Tóquio"20.
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Após escrever uma página duplamente dourada na história do desporto português, sagrando-se campeão mundial de K1 1000 metros e de K1 5000 no espaço de pouco mais de 24 horas, num campeonato organizado em Portugal, Fernando Pimenta ainda não vai de férias, partindo para a Rússia para uma série de provas como convidado (segunda-feira, foi recebido na Câmara Municipal de Ponte de Lima e recebeu um voto de louvor da autarquia que quer ter um museu alusivo à canoagem). Nos últimos anos, essas solicitações internacionais não param de aumentar e ajudam a provar que está no topo do mundo. "Quem nota essa diferença é o meu treinador, é questionado, desafiado para ter outros atletas a trabalhar connosco. Fomos tendo esse reconhecimento da Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Canadá, Rússia...", conta o bicampeão mundial.
Ainda assim, com a crescente popularidade, Pimenta assegura que, durante a época, nunca tomou os títulos planetários como garantidos - "não sabia como estavam os adversários e, em K1 1000, o corpo podia não corresponder àquilo que eu queria entre a semifinal e a final", atira -, mas teve sempre em mente a "provocação" de há um ano do checo Josef Dostal, que lhe disse que vinha a Portugal para lhe estragar a festa e o fez treinar ainda mais.
Em Montemor-o-Velho, o limiano exibiu muita tranquilidade, que tem vindo a adquirir com o passar dos anos. "A experiência ajuda-me a lidar com o nervosismo, com o stress, com a pressão... Isso para mim já me passa muito ao lado. É nos momentos mais difíceis que nós aprendemos mais. Já tive muitos e consegui tirar ilações desses momentos. O Rio"2016 ensinou-me que as medalhas só se ganham na meta", contou, referindo-se ao quinto lugar que registou nos Jogos, naquele que foi o único pódio falhado em provas internacionais nas últimas temporadas.
Com 29 anos e com o foco colocado em Tóquio"2020, disponível para as embarcações que o treinador e Federação decidirem, o limiano estima que pode ter mais uma década de carreira, a oferecer alegrias aos portugueses. "Gostava de prolongar a minha carreira mais 10 anos ao mais alto nível, acho que não estou a pedir de mais, chegar perto dos 40. Há atletas que conseguem isso. O campeão olímpico em 2012 tinha 37 anos [n.d.r.: Eirik Veras Larsen]", lembrou.
"Se sou o Ronaldo da canoagem? Mais ou menos, ele é um exemplo"
Dono de um palmarés impressionante de 79 medalhas internacionais, Pimenta é um dos grandes nomes do desporto nacional que continua a ter como principal embaixador Cristiano Ronaldo. E o canoísta do Benfica revela-se fã do craque da Juventus e da Seleção Nacional. "Se sou o Ronaldo da canoagem? Mais ou menos [risos]. Ele é um exemplo para mim, pela mentalidade, pela forma pela joga, pela forma como tem de mostrar resultados todos os dias, sendo tão pressionado", sublinhou.