Federer foi despedir-se no berço de uma lenda: 15 mil pessoas aplaudiram em Wimbledon
Vinte anos após a conquista do primeiro título do Grand Slam, no torneio de Wimbledon, o suíço esteve na Royal Box, para ser contemplado por 15 mil espectadores. São às dezenas os torneios que o convidam para uma homenagem e o único que aceitou foi o do All England Club, que levou a cabo uma cerimónia marcada pura e simplesmente por um longo aplauso.
Corpo do artigo
Desde o fim da fenomenal carreira, no outono passado, Roger Federer nunca mais foi visto em nenhum evento de ténis. O privilégio coube a Wimbledon, a mais famosa etapa do Grand Slam, que o suíço conquistou oito vezes e pode ser igualado esta quinzena por Novak Djolovic. Sem a presença de Rafael Nadal, lesionado, e de Serena Williams, retirada, o All England Club começa a perder os tenistas mais populares. Cumprem-se, na sexta-feira, dois anos desde a última atuação do eterno Senhor Grand Slam - o recorde de títulos é outra coisa - na Catedral. Nesse dia, sofreu um estrondoso 0-6 no terceiro set diante do polaco Hubert Hurkacz, nos quartos de final, e a partir daí sentiu ter contraído uma dívida de gratidão, ainda por cima quando o corpo passou a não responder ao desejo de voltar à competição.
Entrou pelas 11h00 desta terça-feira no clube da Curch Road e foi rodeado das famosas groupies inglesas, algumas gerações acima daquelas que estiveram nesse papel de fãs, na década de 1970, com o fenómeno Björn Borg. As portas do court central abriram-se às 13h30 e 15 mil pessoas esgotaram de imediato o recinto, arrancando a cerimónia com a projeção de um vídeo relativo aos oito títulos, o último em 2017, e superando os sete de Pete Sampras.
Federer manteve-se na antecâmara do camarote real e entrou à chamada do speaker, sendo aplaudido um par de minutos, enquanto se colocava entre a mulher, Mirka, e a princesa Kate. Emocionou-se, sorriu e acenou à multidão, numa comunhão sincera com a Catedral, onde, a 6 de julho de 2003, ergueu o primeiro troféu e criou um monstro - o termo é do próprio.
Não aconteceu mais nada e, como parecia mal ao cavalheiro suíço escrever à socapa o epílogo da história de amor com o torneio londrino, sentou-se e aceitou o convite para assistir à estreia no torneio feminino de Elena Rybakina, vencedora da edição do ano passado. Depois de ganhar, em três sets, à americana Shelby Rogers, a jovem (24 anos) do Cazaquistão, não escondeu o impacto sentido ao ter Roger Federer como espectador. "Fiquei realmente nervosa", descreveu na conferência de Imprensa, observando que "quando era mais nova não perdia nenhum dos seus jogos e foi muito especial vê-lo sentado na Royal Box, e com as bancadas repletas". "Foi um momento mágico!", disparou a terceira melhor tenista da atualidade.