Adriano Sousa explicou a ligação da W52 ao FC Porto, revelou que Ricardo Mestre será o último reforço e apontou ao futuro.
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Adriano Sousa não trocou o Sporting pelo FC Porto devido ao dinheiro e viu na alusão a doping uma guerra que não é a sua. O dono da W52 diz que o ciclismo é diferente do futebol e que precisa dos grandes para "recuperar a glória do passado". Em entrevista a O JOGO, o principal patrocinador da futura equipa azul e branca explicou como surgiu a ligação e o que se pode esperar de um grupo que ganhou as três últimas Voltas a Portugal.
A W52 precisava de se ligar a um grande clube?
- Não havia essa necessidade. Existe com o FC Porto, como poderia ser com qualquer um dos três. É um orgulho estar ligado a um clube tão grande como o FC Porto, mas também o seria com Sporting ou Benfica. Um grande dá outro impacto e será todo o ciclismo a ganhar. Mas poderíamos ter continuado como no ano passado, até porque tinha quatro multinacionais interessadas em se ligar à W52 e as suas propostas eram mais rentáveis. Mas o dinheiro não é tudo na vida e estar com o FC Porto será um prazer.
Nos últimos dias, falou-se em dinheiro e numa proposta do FC Porto superior à do Sporting...
- Não quero entrar em pormenores. Isso são questões entre nós e o FC Porto, até porque com o Sporting não existiu nada de concreto. E a melhor proposta monetária era sem clube grande...
Foi a equipa a procurar os clubes ou o contrário?
- Esta equipa ganhou as três últimas Voltas a Portugal e até se esquece que também o Tour do Rio. Com esses resultados, começou a ser procurada. Fomos contactados.
Foi contactado pelo Benfica?
- Nunca fui contactado pelo Benfica.
O Sporting levantou uma suspeita de dopagem. Quer responder?
- Isso vem de guerras que me ultrapassam. Não tem nada de verdadeiro. O ciclismo é controlado todos os dias, quase de hora a hora, nos hotéis e nas chegadas das etapas. Estou no ciclismo desde 1990 e nunca houve um caso de doping numa equipa com o nome W52.
Como surgiu a ligação entre a W52 e o FC Porto?
- O FC Porto já tinha abordado a equipa, ainda nem eu tinha entrado. Ou porque não seriam as pessoas certas, ou por qualquer outro motivo, não existiu acordo nessa altura. Desta vez, e tendo falado com toda a Direção do FC Porto, o acordo foi muito rápido, pois trata-se mesmo de um grande clube.
O FC Porto fez algumas exigências?
- Vai aumentar-nos a responsabilidade. Teremos de estar à altura de um grande clube.
Não irão ter mais ciclistas?
- A equipa já estava praticamente constituída e não vamos fugir da estrutura que tínhamos. Perdemos homens importantes e a preocupação foi substituir esses três ciclistas, dois deles tendo saído apenas devido à regra de limitação de idades.
Já foram anunciados Rafael Reis e Daniel Freitas. Quem é o terceiro reforço?
- Era preciso alguém para compensar a saída do Delio Fernandez. Com a entrada do Ricardo Mestre, acredito que será bem substituído. Além do Gustavo Veloso, poderemos apostar no António Carvalho e no Mestre.
Vai estar mais gente nas estradas?
- Isso é de prever. Espero os simpatizantes do FC Porto, mas não só. Quero que todos apareçam e apoiem. O ciclismo não entra em guerras, quer é ter todos os portugueses a aplaudir as suas equipas. E acredito que Benfica e Sporting vão querer seguir as pisadas do FC Porto.
Uma equipa no segundo escalão mundial, o Profissional Continental, é um dos sonhos do ciclismo português.
- Vamos ver como decorre esta época e depois como melhorar. O acordo com o FC Porto é de cinco anos e iremos sempre de pés bem assentes no chão. Queremos ajudar o ciclismo português.
Mas uma equipa dessas pode custar acima de um milhão de euros...
- Mais do que questões financeiras, a nossa preocupação é fazer uma boa época e sentir os associados e simpatizantes do FC Porto a apoiar.