Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, acredita que a Volta a Portugal pode ser reformulada e aguarda o plano alternativo da Podium para a próxima semana
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Um dia depois do anúncio do adiamento da Volta a Portugal, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), falou a O JOGO sobre o futuro da prova e as preocupações das equipas, referindo que ficou surpreendido com a "sequência de posições de alguns municípios",
A corrida, prevista para julho/agosto (29 a 9), está agora sem data, embora setembro seja o mês mais provável.
O dirigente da FPC diz que aguarda que a Podium, organizadora da Volta, apresente o novo plano na próxima semana e afirma que não põe em cima da mesa a possibilidade da federação assumir a prova.
A Federação sabia deste adiamento ou foi informada em cima da hora?
A federação lançou um plano de retoma do ciclismo, em que o evento âncora é a Volta a Portugal e, obviamente, os organizadores imbuídos no plano de retoma, estão conscientes dos encargos e responsabilidades que a corrida tem. Assentámos no princípio que a corrida estava bastante bem alinhada. O problema é que a dinâmica da doença, que nos surpreende a todos, causa muita instabilidade e depois daquilo que tinha sido uma vitória há oito dias, de conseguirmos autorização da DGS, que pensávamos ser maior dificuldade de todas, surgiram outros obstáculos e surpreendeu-nos um pouco esta sequência de posições de alguns municípios, tendo a organização mostrado impossibilidade de ultrapassar estas situação. Neste momento, aguardamos um plano alternativo do organizador da prova ainda este ano.
Existe um plano B?
A federação está altamente empenhada em que a prova se realize em 2020, porque a Volta é o evento nuclear do desenvolvimento ciclismo em Portugal, além de ser um produto de grande afirmação da modalidade, é um produto que ativa todo o ciclismo e é um compromisso que temos com a nossa comunidade. Nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para fazer a corrida.
A solução, num cenário extremo, poderia levar a federação a organizar a Volta?
Neste momento, não ponho essa hipótese. A Volta está consignada à Podium até 2025 e a responsabilidade é da Podium. A circunstância é anormal e única, o que requer o melhor de todos nós e, portanto, a federação está disponível a colaborar e a procurar soluções pelo direito à competição. O meu tom é realista mas comprometido.
Há um plano B? E tem de ser conhecido quando?
Há um p plano A que é a organização apresentar um plano alternativo e isso terá de acontecer na próxima semana
Acredita que a Volta vai realizar-se?
Parto do princípio que sim, que é possível reformular a prova, sendo certo que vamos estar sempre todos conscientes e realistas com a circunstâncias da doença.
Sendo uma modalidade praticada ao ar livre e estando previsto não haver ajuntamentos em chegadas e partidas, compreende os receios dos autarcas?
As autarquias são os maiores parceiros da Volta. Respeito as posições, sendo certo que na generalidade os municípios querem e gostam do ciclismo. Muitos não estão confortáveis com a circunstância atual e isso é respeitável . Nós também queremos que o ciclismo aconteça num ambiente positivo e confortável para todas as partes. É preciso respeitar as posições, porque será com eles que se vai refazer a Volta.
Acredita que a Volta se realize em 2020?
Posso dizer, com um certo realismo, que estamos empenhados em realizar a Volta, conscientes da natureza e dinâmica da doença e procuraremos sempre defender o ciclismo e o direito à prática da modalidade enquadrada com a saúde publica. É uma fórmula complexa
Como vê as inquietações das equipas, tendo já falado com os diretores desportivos?
Depois da reunião com as equipas, sei quais são as preocupações delas que são s minhas também. Estou preocupado com todos. O mundo vive em cenários, o grande problema é a imprevisibilidade da dinâmica da doença que não nos permite planear com segurança. O ciclismo realiza-se no território; as passagens dependem de autorizações de autarquias, mas podemos ter de nos confrontar, por exemplo, com cercas sanitárias. É uma montanha russa de obstáculos, mas temos condições, em termos de condições sanitárias. Os pormenores foram todos pensados.