Amarela já está no corpo de Pogacar, mas é Evenepoel o "rei" dos "cronos"
Corpo do artigo
Remco Evenepoel prolongou esta quarta-feira o "reinado" em contrarrelógios, conquistando a quinta etapa da Volta a França em bicicleta à frente do novo camisola amarela Tadej Pogacar, que se distanciou de um dececionante Jonas Vingegaard.
A vitória do bicampeão mundial e ouro olímpico em Paris'2024 – os dourados do capacete, bicicleta e sapatos recordavam a sua condição – no "crono" de hoje era quase um dado adquirido, assim como a chegada do esloveno da UAE Emirates à liderança da geral, pelo que a grande notícia foi mesmo o tempo perdido pelo dinamarquês da Visma-Lease a Bike para os dois ciclistas com quem partilhou o pódio final do Tour2024.
Campeão em 2022 e 2023 e "vice" em 2021 e no ano passado, Vingegaard foi apenas 13.º na quinta etapa, a 01.21 minutos de Evenepoel, que cumpriu os 33 quilómetros em Caen em 36.42 minutos, deixando Pogacar a 16 segundos e o italiano Edoardo Affini (Visma-Lease a Bike), que foi terceiro, a 33.
“É um grande passo em frente rumo ao pódio” da 112.ª edição da "Grande Boucle", resumiu o sempre confiante belga da Soudal Quick-Step após conquistar o seu segundo triunfo no Tour, em duas participações, com ambos a acontecerem em contrarrelógios, e de subir à segunda posição da geral, a 42 segundos do novo dono da amarela.
Como esperado, "Pogi" destronou o neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck), agora sexto, e está na posse de todas as camisolas, à exceção da juventude, classificação comandada por Evenepoel, à frente de Kévin Vauquelin (Arkéa-B&B Hotels), o surpreendente terceiro classificado, a 59 segundos do esloveno.
O francês terminou um dos “melhores contrarrelógios” da sua vida em quinto - e emocionado - e relegou Vingegaard para a quarta posição da geral, já a 01.13 minutos do seu eterno rival.
Numa jornada positiva para os ciclistas nacionais, João Almeida (UAE Emirates) foi oitavo, a 01.14 minutos – é agora sétimo, a 01.53 do seu líder -, e Nelson Oliveira (Movistar) fechou o top 15, a 01.37, sendo 62.º da geral, a 14.19 minutos de Pogacar.
Os planos 33 quilómetros de exercício individual em Caen foram permitindo pequenos duelos entre especialistas, com Edoardo Affini a destacar-se: o campeão europeu de contrarrelógio fez um tempo ‘canhão’ de 37.15 minutos, fixando a marca que os candidatos à vitória na quinta etapa teriam de bater.
O campeão francês Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale) foi aquele que mais perto esteve de bater o italiano – ficou a dois segundos - antes de os grandes nomes terem entrado em ação, com o "diplomado" olímpico Nelson Oliveira, que dobrou o antigo bicampeão mundial de fundo Julian Alaphilippe (Tudor), a ser sexto quando cortou a meta.
Evenepoel começou cauteloso o seu exercício e foi apenas segundo nos dois primeiros pontos intermédios, atrás de Luke Plapp (Jayco AlUla), que deteve o melhor tempo aos 8,2 e 16,6 quilómetros até ao final.
O belga da Soudal Quick-Step entrou em crescendo no "crono" e, quando cortou a meta, fez 33 segundos melhor do que Affini, que esteve sentado na "cadeira quente" durante grande parte da jornada.
Pogacar foi o único dos homens da geral a conseguir ficar perto de Evenepoel, enquanto Vingegaard e Almeida perdiam progressivamente mais tempo nos registos intermédios.
Mas se o quarto classificado da passada edição melhorou no último setor, o dinamarquês prosseguiu a sua dececionante prestação, que o deixou dois segundos atrás de Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe).
O quatro vezes campeão da Vuelta e vencedor do Giro2023 é agora oitavo da geral atrás do luso da UAE Emirates e à frente do seu companheiro alemão Florian Lipowitz, uma das surpresas deste "crono", em que foi sexto.
Entre as deceções da jornada, destaque ainda para o medalha de bronze dos Jogos Olímpicos Paris'2024, o belga Wout van Aert (Visma-Lease a Bike), mero 100.º classificado, ou para Enric Mas (Movistar), pior entre os favoritos, a quase três minutos.
Na quinta-feira, Pogacar vestirá a amarela do Tour pela 41.ª vez na carreira, numa sexta etapa também ao jeito do campeão mundial de fundo, com os 201,5 quilómetros entre Bayeux e a Vire Normandie a incluírem cinco contagens de montanha de terceira categoria e uma de quarta já perto da meta.