"Estava no autocarro a pensar que esta chegada seria mais para o Pedersen, mas..."
David Gaudu "fintou" Mads Pedersen na última curva para vencer terceira etapa da Vuelta
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O ciclista francês David Gaudu (Groupama-FDJ) ultrapassou o dinamarquês Mads Pedersen na última curva antes da meta da terceira etapa da Volta a Espanha, aproveitando o trabalho da Lidl-Trek para roubar o triunfo.
Gaudu, de 28 anos, cumpriu os 134,6 quilómetros entre San Maurizio Canavese e Ceres, em Itália, em 2:59.24 horas, batendo sobre a meta o dinamarquês Mads Pedersen (Lidl-Trek), segundo, e Vingegaard, que foi terceiro e reteve, por pouco, a camisola vermelha.
Nas contas da geral, o campeão da Volta a França em 2022 e 2023 segue em primeiro, agora com o mesmo tempo de Gaudu, que é segundo, relegando para terceiro o italiano Giulio Ciccone (Lidl-Trek), a oito segundos. O português João Almeida (UAE Emirates) é 11.º, a 16 segundos do líder.
A história do dia foi a do trabalho de início ao fim da Lidl-Trek, a pensar quer em Ciccone quer em Pedersen, o grande favorito para a chegada desta segunda-feira, tendo conseguido distanciar vários outros sprinters e causado dificuldades em reentrar no pelotão a outros tantos.
No dia em que a Visma-Lease a Bike denunciou um roubo das suas bicicletas, acabando por resolver apenas de manhã o problema, a perda de Axel Zingle, que abandonou, abria dificuldades acrescidas à liderança de Vingegaard.
Ainda assim, numa chegada a que o grupo principal chegou a alta velocidade, foram as curvas e contracurvas finais a colocar todos no seu lugar, com uma equipa ausente de forma notória, a UAE Emirates de João Almeida e Juan Ayuso.
Com os dois discretos na chegada em Ceres, o domínio de Gaudu destas viragens apertadas permitiu-lhe ganhar terreno aos rivais e, na última curva, como numa corrida de Fórmula 1 ou MotoGP, ultrapassar Pedersen.
O gaulês levou as mãos à cabeça e parecia não querer acreditar no triunfo, o primeiro em grandes Voltas nos últimos cinco anos, admitindo a “surpresa” depois da chegada.
“De manhã, estava no autocarro a pensar que esta chegada seria mais para o Pedersen, mas o Stefan Küng disse-me que eu podia ganhar. (...) A equipa fez um trabalho muito bom, manteve-nos bem posicionados todo o dia. Estou muito feliz, muito orgulhoso, de vencer, por mim e pela equipa”, explicou.
O vencedor do dia admitiu ainda que este é “o melhor arranque possível da Vuelta” e que, naquela última curva, se ‘desconectou’ “totalmente para passar todos os limites” do corpo até à meta.
O terceiro lugar de Vingegaard, atrás de um desiludido Mads Pedersen, permitiu-lhe manter a roja de líder, mas agora empatado com Gaudu, confirmando as boas pernas na ressaca do segundo lugar na Volta a França.
Quanto aos portugueses, João Almeida foi 28.º na tirada e acabou por subir um posto, para 11.º, nas contas da geral, em que Ivo Oliveira, também da UAE Emirates, é 138.º, após esta segunda-feira ser 95.º.
Na terça-feira, a quarta etapa continua fora de Espanha, partindo da cidade italiana de Susa para acabar em França, em Voiron, ao cabo de 206,7 quilómetros.