Sanjoanense ficou em sétimo e apurou-se para o play-off, o que não acontecia desde 1986. Reinaldo Ventura volta a conseguir feito assinalável, após a subida em 2023/24
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Falar de Reinaldo Ventura é falar de títulos e conquistas. Foram 31 troféus nacionais e sete internacionais, entre clubes e seleções, mas o antigo jogador goza, por estes dias, o mérito de outro feito assinalável: apurou, ao cabo de 36 anos, a Sanjoanense para o play-off da I Divisão, à boleia de um surpreendente sétimo lugar na fase regular, um ano após ter devolvido o clube ao convívio com os grandes. A reboque do bom momento dos homens de São João da Madeira, O JOGO acompanhou um dia de treino da equipa.
Entrar no Pavilhão dos Desportos, carinhosamente apelidado de “Caldeirão”, pelo ambiente apaixonado que se costuma viver, é entrar num dos recintos mais antigos do país e cujas paredes transpiram história, não fosse numa estar pendurada uma tarja gigante evocativa da Taça das Taças ganha em 1986. Para conciliar a gestão da loja de material de hóquei em patins com a vida de treinador, Reinaldo teve de passar a fechar mais cedo o estabelecimento, situado em Gaia, para, às 18h15, estar em São João da Madeira, quatro vezes por semana, ainda que o treino na pista seja quase sempre às 19h15. Antes, há treino físico ou vídeo. O corrupio nos corredores do “Caldeirão” é constante. Está a decorrer um treino de sub-9, orientado por Hugo Santos, segundo melhor marcador do campeonato, só atrás do campeão Europeu Miguel Rocha (Óquei de Barcelos). À chegada, Ventura dirige-se à sala do mecânico para tomar um café, que depois leva para o balneário destinado aos treinadores, onde normalmente fica algum tempo a conversar com os adjuntos Hugo Silva e Marco Lopes, antes do trabalho de campo. “O nosso objetivo principal era a permanência. Se no início me dissessem que ficaria em sétimo, assinava por baixo, como é óbvio”, resume.
Segue-se, sexta-feira, o Sporting (20h30), no primeiro jogo dos quartos de final do play-off e uma fasquia que ficou “elevada” para 2025/26. “Nós próprios elevámos a nossa fasquia, mas isso só fará com que cada um dê mais para nos conseguirmos manter a este nível. Esta paixão e ambição que o clube tem pode levar-nos a outros patamares”, diz. Sobre os leões, reconhece que será uma missão complexa. “O objetivo é darmos uma boa imagem da Sanjoanense. Já atingimos o nosso objetivo, mas o Sporting não. Tentaremos dificultar ao máximo a teórica supremacia do Sporting e procuraremos uma surpresa”.
“Ficar mais uma época depende do presidente...”
A curta carreira de treinador de Reinaldo Ventura conta-se por uma passagem de época e meia pela Juventude de Viana e de duas temporadas na Sanjoanense, na qual já conseguiu um título da II Divisão. Aos 46 anos, o futuro deve continuar a passar pelos alvinegros. “Renovação? Depende do presidente... (risos). As coisas estão a ser programadas nesse sentido”, afirma. “O importante é fazermos uma equipa competitiva e, comigo ou com outro, as coisas vão funcionar bem. A estrutura da Sanjoanense de hoje é diferente de há dois anos e mais capaz de proporcionar uma boa dinâmica e organização”, comenta. As diferenças dos tempos de jogador para os de treinador são “tremendas”. “Como jogador, a única preocupação que tinha era com o descanso, a alimentação, chegar ao treino e ir embora. Como treinador é tudo o contrário”, atira. “A parte mais fácil é a hora do treino, ao passo que tudo o que é extra é o que demora mais tempo”, vinca, agradecendo à Sanjoanense por lhe dar “condições para crescer” enquanto treinador. “A Sanjoanense apareceu na altura certa e está a ser muito positivo para as duas partes”, finaliza Reinaldo Ventura.