Além da invasão da meta, entre gritos de “Non pasarán”, um cântico celebrizado contra Franco e agora dirigido à equipa de Israel, o final da 16.ª etapa foi cancelado devido a uma árvore a barrar a estrada
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“A Vuelta acabará?”, questionou “A Marca”, diário desportivo espanhol, após o fim abrupto da 16.ª etapa, com tomada de tempos à entrada da última subida, por dois motivos: uma árvore fora derrubada, impedindo a passagem dos corredores, e a zona de meta de Mos totalmente invadida e palco de confrontos entre os manifestantes, que pedem a expulsão da equipa de Israel, e a polícia de choque.
A pergunta faz sentido devido ao aumento dos protestos pró-Palestina, com os espanhóis cada vez mais irritados pelas reações da formação israelita, já incentivada por Benjamin Netanyahu por “não ceder ao ódio e intimidação”, e recusando-se a desistir, apesar da insistência dos organizadores da corrida.
O dono da equipa, o bilionário Sylvan Adams, teve até uma reação extrema quando os protestos impediram o final de etapa em Bilbau. “Esta região é conhecida pelos extremistas de esquerda e separatistas, que gostam de protestar. Recordo que os bascos, com a ETA, eram aliados da OLP, a Organização de Libertação da Palestina”, disse o canadiano.
Os protestos de ontem foram os mais graves desde o início da corrida e seguem-se duas etapas ainda mais difíceis de controlar pela polícia. A desta quarta-feira termina no Alto El Morredero, uma subida de 9 km, a do dia seguinte será um contrarrelógio em Valladolid, aquele que mais preocupa os organizadores.
A polícia vai colocar 450 agentes no terreno, mas o número já é considerado insuficiente para proteger 27 km que os corredores irão percorrer sozinhos, tornando possível impedir a passagem apenas aos da equipa israelita. Mediante os gritos de “Non pasarán”, recuperados da Guerra Civil espanhola – contra Franco – para serem dirigidos a ciclistas, a questão é válida: esta Vuelta irá até Madrid?