Jay Vine venceu a sexta etapa da Volta a Espanha.
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O ciclista belga Remco Evenepoel (QuickStep-Alpha Vinyl) disparou esta quinta-feira o primeiro "tiro" na luta pela vitória final na Volta a Espanha, ao deixar quase todos os rivais para trás na sexta etapa e a subir à liderança da geral.
O australiano Jay Vine (Alpecin-Deceuninck), de 26 anos, cumpriu os 181,2 quilómetros entre Bilbau e Pico Jano em 4:38.00 horas, cruzando a meta isolado, no meio de uma neblina tão forte que foi difícil vê-lo erguer os braços, no que foi a estreia desta ascensão em corridas profissionais de ciclismo.
No segundo lugar chegou Evenepoel, a 15 segundos, e o ataque do belga, descrito por vários órgãos de comunicação internacionais como "brutal", foi seguido apenas pelo espanhol Enric Mas (Movistar), terceiro a 16.
Na geral, Evenepoel tem 21 segundos de vantagem para o anterior líder, o francês Rudy Molard (Groupama-FDJ), agora segundo, com Mas em terceiro, a 28. O português João Almeida (UAE Emirates) subiu a 10.º da geral, a 1.54 minutos do líder.
Com 10 elementos, a fuga do dia, marcado pela chuva e pela neblina, incluía experiência de vitórias em "grandes Voltas", como o português Nelson Oliveira (Movistar), eventualmente apanhado a 26 quilómetros da meta, ou o perigoso ucraniano Mark Padun (EF Education-Easy Post), talvez o ciclista mais apto a chegar à vitória.
Ainda assim, o pelotão não parecia disposto a deixar os fugitivos discutir a tirada, e enquanto "sangrava" elementos com a subida do ritmo, aproximava-se da frente, onde Padun teve de atacar, na penúltima subida categorizada.
Desfeito o grupo, o ucraniano seguiu na frente até ao início da subida até Pico Jano, uma estreia no traçado da Vuelta que já deixou marcas na história da 77.ª edição, na qual Vine saiu de trás para o apanhar.
Sem pernas, ficou para trás, deixando o australiano a caminho da maior vitória da carreira, confirmando o estatuto da Alpecin-Deceuninck como a mais forte equipa do segundo escalão - vai subir de divisão, ao WorldTour, em 2023.
Vine venceu a Academia Zwift, um programa online assente na popular aplicação para ciclistas indoor, e tornou-se profissional apenas em 2021, somando agora uma das maiores vitórias ao alcance na carreira de um corredor. "É quase irreal. Falhei a fuga, furei nos primeiros cinco quilómetros, e embora o plano da equipa fosse eu atacar na última subida, é irreal conseguir fazê-lo, e fazê-lo saindo do grupo dos favoritos. É um sonho que se torna realidade", declarou.
Entre os homens da geral, foi decisiva a arrancada de Evenepoel, há muito apontado como o próximo grande nome do ciclismo mundial, já com vitórias em clássicas e corridas de uma semana, mas ainda por se mostrar em "grandes Voltas".
Não precisou de esperar muito nesta corrida, ao elevar o ritmo de tal forma, a partir dos últimos nove quilómetros, que ninguém conseguiu acompanhar, tirando Enric Mas, e um jovem espanhol Juan Ayuso (UAE Emirates), afoito na perseguição, sem sucesso.
Ayuso acabou a 55 segundos, no quarto posto, enquanto os restantes favoritos entraram a 1.37 minutos, com Roglic em quinto, o tricampeão que busca um quarto triunfo recorde, igualando Roberto Heras.
Nesse grupo chegou João Almeida, em 11.º, subindo a 10.º, mas também outros favoritos, do francês Pavel Sivakov (INEOS), agora sexto à geral a 1.27 minutos, ao britânico Simon Yates (BikeExchange-Jayco), nono a 1.52.
Roglic é quarto, a 1.01 minutos, limitando a distância para o belga devido ao desempenho nas primeiras etapas, mas Evenepoel avisou que esta pode ser a sua Vuelta.
Depois dos esforços na fuga, Nelson Oliveira cortou a meta em 42.º, a 6.32, e subiu ao 38.º posto, enquanto Ivo Oliveira (UAE Emirates) é já 168.º, a mais de uma hora do líder.
Na sexta-feira, a sétima etapa da Vuelta liga Camargo a Cistierna em 190 quilómetros, com uma subida de primeira categoria, o Puerto de San Glorio, na segunda metade da tirada.
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