Há dois internacionais espanhóis, ambos distribuidores, a jogar nesta época em Portugal. Treinam em Santa Maria da Feira, dividem a casa e espalham classe nos nossos pavilhões.
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Se lhe falarmos em Guillermo Hernán e Maria José Corral Bouza (ou Majo, como é mais conhecida), provavelmente são dois nomes que pouco ou nada dizem. Ambos espanhóis, jogadores de voleibol e namorados, vieram para Portugal em 2018. São profissionais e ele joga no campeão nacional masculino, Sporting, e ela na promovida Academia José Moreira (AJM), equipa que ocupa neste momento o sexto lugar no Nacional feminino.
Bastante cúmplices e sempre com respostas muito idênticas, completam-se mesmo durante uma entrevista. São os dois internacionais espanhóis - neste momento ele já não tem feito parte das convocatórias - mas, curiosamente, não se conheceram onde cresceram, no País Basco, nem nas seleções nacionais. "Foi há cerca de cinco anos; em janeiro. Uma amiga nossa era companheira de apartamento da Majo, na Bélgica, e eu jogava em Paris. Vieram ver-me num fim de semana em que faziam turismo e conhecemo-nos aí", descreve Hernán.
A partir daí, não mais se separaram. Tentando conciliar uma vida a dois, procuraram jogar o mais perto possível um do outro. "Quando nos conhecemos, eu jogava na Bélgica e ele em França. Estivemos dois anos assim e depois conseguimos estar ambos sempre em França. E agora em Portugal", explica Majo, a distribuidora da AJM.
Aquando desta entrevista, Majo ainda sonhava a qualificação para o Europeu"2019, que entretanto conseguiu, com um triunfo sobre a Roménia por 3-2. "Quero jogar o campeonato da Europa de 2019, é o meu primeiro objetivo, porque nunca fui a nenhum. Em termos de clubes, não penso em nenhum em particular... Neste momento, só quero ficar nos quatro primeiros com a AJM", revelava. "Eu estou focado no Sporting, em tentar ganhar todas as provas e pouco mais", acrescentou Guillermo.
Voleibol fica à porta... ou talvez não
Os números dois do Sporting e da AJM, além do número da camisola, partilham neste ano, e pela primeira vez, o apartamento, pois nunca tinham estado na mesma cidade. A juntar a isto, ambos são distribuidores, o que torna difícil não se falar de voleibol em casa. "Falamos um pouquinho, mas o menos possível. É melhor e mais simples assim. Sempre que se joga na mesma posição, ou apenas no mesmo desporto, compreende-se melhor as situações. É muito difícil não falar, estamos o ano quase todo ligados ao voleibol", explica Guille.
Jogar até não poder mais
O casal espanhol faz quase 10 anos de diferença - ela festejou 28 dia 1 de janeiro, ele fará 37 em julho - e imaginam-se ambos a jogar até sentirem "não ter condições físicas ou mentais para continuar". Quando terminar a carreira, Majo, que vai completar em Portugal as cinco cadeiras que lhe faltam do curso de Desporto, deseja "uma vida estável, começar a trabalhar e aí parar com o voleibol", enquanto o companheiro prefere ficar ligado à modalidade. "Quero ver ano a ano como me sinto fisicamente, porque mentalmente não estou cansado", diz. "Quando acabar, tenho o curso de Desporto. Neste momento não sei o que vou fazer, mas gostaria de algo relacionado com desporto e se possível com o voleibol", conclui.
Estar cá é como um "dois em um"
Ver dois internacionais espanhóis no campeonato português é uma raridade. Guille explica como aconteceu. "Os nossos contratos em França acabaram e o Sporting fez-me uma oferta de que gostei muito. Objetivos, estrutura, tudo me fez querer vir. Falei com a Majo, para ver se ela também poderia jogar aqui e encontrámos um clube. Tudo enquadrava bem", conta, para depois a jogadora da AJM acrescentar: "Além de ter um clube, podia terminar os meus estudos no Porto. Era como um dois em um." Estar perto de Espanha foi só "mais um ponto a favor", concluíram.