Djokovic recorda pandemia de covid-19: "Colocaram-me a etiqueta de antivacina..."
Atual líder do ranking mundial admitiu que nunca desenvolveu uma amizade com Roger Federer, devido à grande rivalidade que protagonizou juntamente com o antigo tenista suíço.
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Novak Djokovic, atual líder do ranking mundial de ténis, concedeu esta terça-feira uma entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera", na qual abordou vários tópicos, entre os quais a sua relação com o antigo rival suíço Roger Federer, que se retirou dos "courts" no ano passado.
"Nunca fomos amigos, entre rivais não se pode, mas também nunca fomos inimigos. Sempre tive respeito por Federer, foi um dos maiores de todos os tempos. Teve um impacto extraordinário, mas nunca fui próximo dele", revelou.
Quanto a Rafael Nadal, outro grande rival, o tenista sérvio manteve o mesmo discurso, dizendo que ambos contribuíram imenso para a sua evolução pessoal.
"Ele é apenas um ano mais velho do que eu, somos os dois gémeos e no início até íamos jantar juntos. Mas até com ele a amizade é impossível. Sempre o respeitei e admirei imenso. Graças a ele e a Federer, cresci e tornei-me em quem sou hoje. Isto vai unir-nos para sempre, por isso sinto gratidão em relação a eles. Nadal faz parte da minha vida, durante os últimos 15 anos vi-o mais a ele do que a minha mãe", salientou.
Djokovic também abordou a sua infância na Sérvia, focando-se num episódio assustador e que ainda o marca até hoje, apesar de ter retirado uma grande força espiritual do mesmo.
"Um dia estava sozinho no bosque e encontrei um lobo. Senti um medo profundo. Tinham-me dito que, nestes casos, tens de recuar lentamente, sem perdê-lo de vista. Nós olhámos-nos durante dez segundos, os mais longos da minha vida. Depois, ele virou para a esquerda e foi embora. Senti uma sensação muito forte e que nunca me abandonou. Uma conexão de alma, de espírito. Foi um encontro curto, mas muito importante, porque o lobo simboliza o meu caráter", explicou Djokovic.
De resto, o tenista recordou a polémica que protagonizou durante a pandemia de covid-19, devido à sua recusa em receber a respetiva vacina.
"Sofri tudo na pele, mas muita gente valorizou que me tenha mantido constante. 95 por cento do que se escreveu e disse na televisão sobre mim nos últimos três anos é totalmente falso. Sou a favor da escolha e defendo a liberdade de escolher. É um direito humano fundamental ser livre para decidir quais coisas se injetam no corpo e quais não. Colocaram-me a etiqueta de antivacina, algo completamente falso e que ainda me dá dores de estômago", atirou.
Em janeiro do ano passado, Djokovic foi barrado do Open da Austrália após o seu visto não ter sido aceite pelas autoridades, devido à falta de um certificado de vacinação. A situação culminou com a sua deportação do país depois de vários dias fechado numa instalação do governo, sobre os quais o tenista não guarda boas recordações.
"Era uma prisão. Não podia abrir a janela. Estive lá menos de uma semana, mas encontrei gente jovem, refugiados de guerra, que levavam muito tempo ali. O meu caso serviu para esclarecer o deles, quase todos foram libertados e isso consola-me. Um jovem sírio esteve ali durante nove anos. Agora está na América (EUA) e quando o verão voltar, quero voltar a encontrá-lo e convidá-lo para ver-me no US Open. Eu também sinto uma conexão com ele", concluiu.
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