Diretor da LCR Honda após a morte do pai: "Estamos a deixar morrer uma geração"
Óscar Haro, diretor desportivo da LCR Honda de Moto GP, denunciou, num vídeo emocionado, falta de ventiladores, de luvas e de máscaras.
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O pai de Óscar Haro, diretor desportivo da equipa LCR Honda de MotoGP, faleceu vítima da covid-19. Num vídeo publicado na sua conta do instagram, Haro decidiu "denunciar" a situação que passou o seu pai e que terá motivado a sua morte por falta de ventiladores.
"Faço este vídeo porque acho que 80 por cento do país não sabe como está o país. Certamente nem eu sei. Não entendo números nem muitas coisas, não entendo política graças a Deus, ou religiões, só entendo as pessoas. Não entendo como é possível um país tão grande como a China, ou um país como a Itália, que fechou as portas, e as pessoas estão a morrer, e nós acreditamos que somos mais espertos do que eles. E quando vimos que outras pessoas estão com as portas fechadas, ocorre-nos, por exemplo, fazer uma demonstração feminista de rua no domingo. Nós somos muito espertos. Se houvesse um pouco mais de informação, teríamos sido mais inteligentes e certamente o meu pai não teria morrido hoje. O meu pai morreu por causa disso, mas nada acontece aqui", defendeu.
Num relato emocionado, Óscar Haro continuou:
"Na segunda-feira, a minha mãe e o meu pai deram positivo no teste do coronavírus e nunca mais vi o meu pai. Levei-o para a sala de urgências. A minha mãe teve alta voluntariamente porque queria cuidar de meu pai e o meu pai ficou isolado até hoje, quando morreu. Não entendo porque morreu, não entendo como uma pessoa como o meu pai, que trabalha há 15 anos, contribuindo para a Segurança Social deste país, morreu porque não há ventiladores. Morreu porque eles não foram capazes de tratá-lo mais. E as pessoas estão a morrer o tempo todo. Estive na agência funerária a tarde toda e não sabem o que é isso. Não entendo mais nada. Não entendo como se diz que temos uma Segurança Social incrível quando as crianças nem sequer têm luvas para calçar e não existem máscaras".
O apelo emotivo terminou desta forma:
"É vergonhoso que nesta altura em que está a morrer gente, a oposição esteja preocupada com cargos uns contra os outros. Há que tomar medidas agora. As pessoas têm que ficar em casa. Nós estamos a morrer. Estamos a deixar morrer uma geração".