Filipa Martins, do ACRO Clube da Maia, e Diogo Abreu, do Sporting, estão prontos para uma segunda participação no maior evento desportivo do planeta. Os respetivos técnicos falaram a O JOGO
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Ana Filipa da Silva Martins (artística), portuense de 25 anos, e Diogo Ferreira Tribolet de Abreu (trampolins), português natural de Stanfor (Estados Unidos), de 27, são os representantes portugueses da ginástica nos Jogos Olímpicos deste verão, em Tóquio, sendo, para ambos, a segunda presença, depois de terem estado no Rio"2016. Dois atletas mais experientes, mais evoluídos, que têm treinado afincadamente e com muita vontade de, no mínimo, melhorar o desempenho anterior.
"Em primeiro lugar queremos fazer uma qualificação limpa, sem falhas, o que permitirá mais facilmente à Filipa chegar ao "all-around", mas a isso também terá que juntar alguma dose sorte, que nestas competições é sempre importante", comenta José Ferreirinha, o treinador de Filipa Martins, função que exerce a par de Joana Carvalho, sua esposa. "Se a Filipa chegar ao "all-around" garantirá desde logo uma melhor classificação do que no Rio de Janeiro, no mínimo ficaria em 24.º lugar", explica Ferreirinha, contando que "entre o Campeonato da Europa e os Jogos Olímpicos, ela só fez o Campeonato Nacional, de resto, treinamos e andamos a evitar deslocações, pelos motivo que toda a gente sabe, a covid".
O treinador de Diogo Abreu, também coloca os objetivos por etapas. "Podemos esperar um ginasta mais experiente, já com uma descontração diferente. O Diogo é um ginasta que tem vindo a dar cartas, tem estado mais perto dos pódios, como no Campeonato do Mundo de 2018, em São São Petersburgo (Rússia), em que ficou em quarto lugar, e na Taça do Mundo da Anadia, este ano, em ficou igualmente em quarto lugar. Em Tóquio, o primeiro objetivo é chegar às finais", diz Tiago Duarte, revelando a seguir uma boa fatia de ambição. "O Diogo vai procurar fazer os dez elementos a um nível muito competitivo para estar nas finais e, estando nas finais, vale tudo, sendo feliz, vale tudo". O vale tudo serão as medalhas? "Do ponto de vista meramente objetivo, não, mas sabendo que nas finais só há uma tentativa, temos a noção que pode haver uma falha de alguns ginastas e ele pode ficar muito próximo... Mas o primeiro objetivo são as finais, é essa a nossa primeira grande meta e iremos passo a passo", responde de forma convicta.
Esta linha de raciocínio de Tiago deixou a dica para a pergunta a José Ferreirinha relativamente à melhor ginasta portuguesa de todos os tempos. "Medalhas? Não direi impossível, mas é muito, muito difícil. Há muitas ginastas em todos os aparelhos que apresentam exercícios de grau de dificuldade muito superior aos da Filipa, embora ela tenha elevado muito o nível que tem. Ela tem vindo a crescer, a evoluir cada vez mais, a ter cada vez mais qualidade", atira.
De resto, e relativamente a Filipa Martins, de 25 anos, feitos a 9 de janeiro, José Ferreirinha destaca a longevidade da ginasta. "Não é muito normal, no feminino, as ginastas competirem até à idade que a Filipa tem. Com 25 anos há os estudos superiores, costumam começar a ter outras prioridades, mas a verdade é que ela tem 25 anos, está totalmente focada e adora ginástica", sustenta, terminando com um exemplo da forte motivação que Filipa Martins ainda tem: "Em outubro, no Japão, irá decorrer o Campeonato do Mundo e a Federação abordou a Filipa para saber se podia contar com ela e a resposta foi prontamente sim".
Preparados, consistentes e com foco
Filipa Martins, que em abril, em Basileia, no Campeonato da Europa, surpreendeu tudo e todos com um novo elemento, o Martins, e Diogo Abreu, que tem estado cada vez mais próximo de lugares de pódio, estão preparados para o maior evento desportivo do planeta. "O confinamento acabou por ajudar em algumas situações de lesões. A Filipa não voltou do Europeu a 100%" mas está a preparar-se o melhor possível", revela José Ferreirinha. "Ela está entusiasmada e mesmo com esta quantidade de regulamentos, autorizações, testes, coisas que incomodam, ela mantém-se muito positiva e determinada", assegura.
"Acima de tudo, o Diogo está muito tranquilo, nem chega a estar ansioso e está a usufruir dos momentos. Está, também, a gerir a parte mediática do pré-Jogos, que é algo que só acontece a estes atletas a cada quatro anos, com muita tranquilidade. Ele está confiante e temos todas as condições para fazer as duas séries consistentes para procurar umas finais".