Desportivo da Póvoa desistiu do nacional de voleibol: "Duro, mas inevitável"
Impactos da pandemia foram o principal factor, revela o presidente do emblema da Póvoa de Varzim, que havia subido ao principal escalão
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O presidente do Clube Desportivo da Póvoa explicou hoje que a desistência da participação no Nacional de voleibol masculino foi uma decisão "dura, mas inevitável", depois de gorados os apoios para manter a equipa em competição.
O emblema poveiro foi o primeiro clube a abdicar de participar nos principais escalões das modalidades de pavilhão, entretanto retomadas após a suspensão devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
O Desportivo da Póvoa tinha vencido três dos oito jogos disputados no Nacional, acabando por ver estes resultados anulados após a formalização do abandono.
Caldeira Figueiredo garantiu que "não se tratou de uma falta de planeamento da época", mas sim das contingências associadas à pandemia de covid-19, que diminuiu "significativamente o acesso a receitas", tornando o projeto "inviável e a colocar em perigo a atividade de formação do clube".
"Foi uma decisão dura, mas inevitável. Depois dos investimentos feitos, ver o projeto cair por terra custa muito. Mas prolongar a situação seria colocar em risco de sustentabilidade o clube e a nossa prioridade, que é o desporto de formação", explicou à agência Lusa o dirigente.
O emblema da Póvoa de Varzim, do distrito do Porto, quatro vezes campeão da II Divisão e outras tantas da III, que tem 77 anos existência, tinha conseguido em setembro uma inédita subida ao principal escalão do voleibol nacional.
Apesar de ter iniciado a competição, não conseguiu manter os apoios necessários, tendo na sexta-feira comunicado à Federação Portuguesa de Voleibol a decisão de abdicar da sua participação no campeonato.
"Este projeto dependia de determinados apoios, que saíram gorados. Ainda tentámos renegociar com os nossos parceiros e patrocinadores, mas estamos num concelho que vive muito do turismo e restauração, e as empresas também passam por muitas dificuldades. Tornou-se impossível manter aquilo que tínhamos projetado", explicou Caldeira Figueiredo.
Para piorar a situação, no que diz respeito à angariação de receitas, veio a imposição dos jogos à porta fechada, que não permitiram um retorno de bilheteira, a exploração dos bares ou as iniciativas de marketing.
"Este projeto só era possível num contexto que toda a cidade ajudava, aproveitando a visibilidade dos jogos da primeira divisão. Assim, sem termos receitas que cobrissem as despesas e sem conseguirmos novos apoios, mesmo depois de termos batido a todas as portas, tornou-se inviável", acrescentou o presidente do clube.
Caldeira Figueiredo espera por uma reunião com a Federação Portuguesa de Voleibol, que já assumiu nos quadros da competição a desistência da equipa poveira, para explicar, ao detalhe, a situação, esperando que o organismo tenha em conta "as excecionais contingências atuais" e não tome medidas punitivas para o clube.
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O presidente do Desportivo da Póvoa confirmou ainda que a atividade e os treinos da equipa sénior estão parados, mas que o clube irá "assumir os compromissos estabelecidos com os atletas".
Em atividade e competição mantém-se a equipa sénior feminina, que participa na segunda divisão nacional, havendo também sessões de trabalho, dentro das limitações, das camadas jovens, não só no voleibol, como também no basquetebol, hóquei patins, entre outras, que, atualmente, movimentam mais de 400 atletas.