Do ringue para a guerra, deram a vida pela Ucrânia: "São os nossos heróis celestiais"
Oleg Prudky, Artem Mosha e Aleksey Yanin morreram em defesa do país.
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A guerra estalou na Ucrânia na madrugada do passado dia 24 de fevereiro e não são raros os exemplos de desportistas, ou antigos desportistas, que seguiram para a frente de batalha. Uma reportagem publicada pelo jornal espanhol "El Mundo" serve de ponto de partida.
Oleg Prudky tinha 30 anos, era um antigo lutador de boxe e não resistiu aos ferimentos causados pelos confrontos com as tropas russas. Deixou esposa e duas filhas. "A guerra tira o melhor. Eu não acredito, eu não acredito que não existes mais, que não vou ouvir 'bom dia querida!', 'estou bem!', 'como estão as meninas?'. E o mais importante é que nunca mais vais dizer-me 'amo-te'. Foste como um sol brilhante, um exemplo para as tuas filhas, que tanto te adoram e perguntam por ti todas as vezes. 'Quando é que o pai vem?'. Como posso dizer a elas que nunca mais te vão ver? Foste um exemplo para os teus amigos e colegas. És o meu anjo. Amo-te muito", publicou numa mensagem a esposa Mariana.
Prudky, que foi bicampeão da Ucrânia na respetiva categoria, não é caso único. Artem Mosha, também lutador de boxe, morreu no dia 8 de maio, quando tentava resistir com o Batalhão Azov em Mariupol. "Morreu com dignidade, a defender a Ucrânia. Obrigado a todos os que rezaram. Eras um bom filho", disse a mãe Irina Yegorchenko. "É mais fácil saberes que o teu filho está morto do que saber que está em cativeiro, ferido ou a morrer de fome", desabafou.
Aleksey Yanin foi campeão mundial de Muay Thai. Perdeu a vida no dia 7 de abril, em Mariupol. "Os nossos atletas deram um grande exemplo", afirmou Serhii Tishchenko, presidente da Federação Ucraniana de Boxe. "Estávamos orgulhosos deles. Agora eles são os nossos heróis celestiais", vinca.
A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou na quinta-feira que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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