Depois da vontade de Trump, a reviravolta: "Estávamos enganados, podem ajoelhar"
A mesma NFL que em 2017 "baniu" Colin Kaepernick e fez as vontades a Donald Trump vem agora reconhecer que os jogadores tinham razão. Uma reviravolta histórica.
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Em 2016, quando Colin Kaepernick, quarterback dos San Francisco 49ers, se ajoelhou durante o hino nacional norte-americano, sendo imitado por alguns colegas numa nova forma de protesto contra o racismo e a violência policial, o futebol americano entrou em polvorosa.
Depois de outras equipas imitarem o gesto, a pressão de Donald Trump resultou e a National Football League (NFL) decretou sanções a quem não respeitasse o hino. Kaepernick teve de deixar a equipa no final da época e nunca mais foi contratado. Agora, a NFL deu-lhe razão.
"Nós, National Football League, condenamos o racismo e a opressão sistemática sobre pessoas negras"
"Estávamos errados ao não ouvir os jogadores mais cedo e a encorajá-los a falar e protestarem pacificamente. Nós, NFL, acreditamos no 'Black Lives Matter'. Apoiamos os jogadores que fizerem ouvir a sua voz e tomarem atitudes", disse Roger Goodell num vídeo publicado nas redes sociais, notoriamente referindo-se ao ajoelhar de Kaepernick. A atitude do comissário da NFL, que era um dos desportos mais associados a Trump, representou uma reviravolta sem precedentes por parte dos patrões, mas não se deveu apenas aos protestos que há duas semanas marcam o dia a dia dos Estados Unidos, na sequência da morte de George Floyd.
Uma discussão via Twitter entre Trump e Drew Brees, o quarterback (branco) dos New Orleans Saints, que decidiu mudar de ideias e apoiar quem se ajoelhou, foi o primeiro passo, mas o decisivo chegou com a ação de Bryndon Minter, um criativo da NFL que se sentia "envergonhado" por a organização não tomar posição. O funcionário de Goodell, mesmo assumindo que podia ser despedido, escreveu a Michael Thomas, pedindo-lhe que ele e outros jogadores falassem para um vídeo. Foram 17, no total, a mensagem tornou-se viral e Minter acabou por receber uma chamada do patrão... para o felicitar.