De LeBron a Steve Kerr: "Não devia ser permitido a racistas serem presidentes"
Morte de George Floyd gerou revolta generalizada nos Estados Unidos e vários basquetebolistas passaram das palavras aos atos.
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Oito estados chamaram a Guarda Nacional, 15 impuseram o recolher obrigatório e pelo menos 39 registaram vigílias e ajuntamentos, que geraram violência em mais de 30 cidades.
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Os Estados Unidos já não se recordavam de um fim de semana tão conflituoso, provando que ninguém ficou indiferente à violência extrema com que um polícia de Minneapolis, Derek Chauvin, matou George Floyd na passada segunda-feira: suspeito de ter tentado utilizar uma nota falsa de 20 dólares, foi pressionado com um joelho em cima do pescoço durante 8 minutos e 46 segundos, até falecer.
O caso foi semelhante ao que, em 2014, vitimou Eric Garner e fez recuperar as t-shirts "I can"t breathe" - "Não consigo respirar", palavras que Floyd também disse várias vezes até desmaiar -, assim como a ação de atletas. Carmelo Anthony entrara numa marcha em Baltimore em 2015; os Miami Heat surgiram encapuçados em 2012, na altura com LeBron James a liderar o protesto contra a morte do adolescente Trayvon Martin; mas o caso mais famoso foi na NFL, em 2016, quando Colin Kaepernick se ajoelhou em protesto durante o hino, contra os assassinatos de negros por polícias brancos. Quatro anos volvidos, esse gesto foi recuperado - comparando-se o seu joelho no chão ao do polícia em cima do pescoço de Floyd - e vários atletas foram mais longe.
"Porque é que a América não nos ama? Também!", escreveu LeBron James, referindo-se à morte às mãos da polícia que colocou os Estados Unidos em revolta. O desporto associou-se à luta
A meio da semana, Karl-Anthony Towns, dos Minnesota Timberwolves, juntou-se num protesto à antiga estrela Stephen Jackson, que era amigo de Floyd - este, de 46 anos e natural de Fayetteville, jogara basquetebol e futebol americano na escola. Mas nos protestos de sábado (madrugada portuguesa) deram nas vistas Jaylen Brown (Boston) e Malcolm Brogdon (Indiana), por liderarem as manifestações em Atlanta. Tobias Harris, dos 76ers, esteve na marcha de Philadelphia, e Dennis Smith Jr (New York) em Fayetteville, pois era conterrâneo de Floyd.
Até as antigas internacionais portuguesas Mery Andrade e Ticha Penicheiro, que têm vivido nos EUA, partilharam o choque nas redes sociais. "Estão a prender as pessoas erradas! Prendam quem matou George Floyd!", escreveu Ticha. "Vou ser eu a próxima?", perguntou num vídeo a tenista Coco Gauff, a mais jovem no top 100 do ranking (16 anos), acompanhando as mensagens de nomes como Mbappé, Brian Flores, Magic Johnson ou Steve Kerr. Este último, que nunca foi fã de Donald Trump, apontou-lhe o dedo: "Não devia ser permitido a racistas serem presidentes."
"Não confundam a resposta do oprimido com a violência do opressor"
Jaylen Brown joga nos Boston Celtics, mas quis manifestar-se na sua terra.
"Guiei durante 15 horas até chegar à Georgia, à minha comunidade", disse já na marcha de Atlanta, após uma viagem de 1700 quilómetros. Sendo vice-presidente da Associação de Jogadores da NBA, Brown fez-se acompanhar de Malcolm Brogdon (Indiana), que tem idêntico cargo, e de Justin Anderson (Long Island Nets, satélite de Brooklyn). Eles lideraram a manifestação e deram um exemplo.
"É um protesto pacífico. Ser uma celebridade, um jogador da NBA, não me exclui de nada. Sou negro, tenho 23 anos, e quero acabar com as injustiças", disse Jaylen, deixando depois uma frase icónica: "Não confundam a resposta do oprimido com a violência do opressor".