Tommi Makinen, diretor da equipa Toyota Gazoo Racing, campeã mundial de construtores, foi o último a ganhar em Arganil, numa era bem diferente
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A menos de um mês de completar 55 anos, Tommi Makinen continua a ser a única figura nos ralis que foi campeão mundial como piloto (1996/97/98/99) e como chefe de equipa (2018). Memórias das duas funções não lhe faltam, até porque não só foi o primeiro tetracampeão como o seu Mitsubishi ganhou duas vezes em Portugal...
Foi o último vencedor passando por Arganil, em 2001. Já falou com os seus pilotos a esse propósito?
[Risos] Já foi há tanto tempo! Lembro-me de que fizemos esse troço em condições extremas, mas agora é tudo completamente diferente. O próprio mundo dos ralis, os carros, tudo é diferente.
E existia uma grande rivalidade entre pilotos?
Dantes éramos uns durões [gargalhada].
"O Rali de Portugal volta hoje à zona de Arganil. Na última vez, em 2001, o melhor foi o finlandês Tommi Makinen, atual responsável pela Toyota e primeiro tetracampeão mundial, pela... Mitsubishi"
A última vez que correu o Rali de Portugal foi há 18 anos e acabou por vencer, depois de entrar empatado com o Carlos Sainz no último troço...
E recordo-me de que voávamos baixinho. Foi uma luta muito emocionante.
No último Rali da Suécia, disse que o Ott Tanak lhe faz lembrar quando lutava por títulos, há mais de 20 anos. Em que aspetos?
Pela mentalidade que possui, a capacidade de concentração, o gosto por acompanhar de perto a preparação do carro, a forma como consegue retirar da cabeça tudo aquilo que o possa perturbar. No fundo, gosta de se preparar tal como eu o fazia.
Quem pode ser o próximo "finlandês voador"?
Existe um bom leque de candidatos, como o [Teemu] Suninen, o [Jesse] Kallio... Bom, a verdade é que é difícil prever o futuro quando o top de potenciais vencedores é cada vez mais apertado e não há muito espaço para os outros. Também gostava de ver o nosso piloto júnior, o japonês Takamoto Katsuta [piloto Ford Fiesta, na Tommi Makinen Racing, equipa-satélite da Toyota] a ganhar no WRC em breve. Seria excelente para nós e reparem como ele está a evoluir.
É mais difícil ser diretor de uma equipa ou piloto?
É algo difícil comparar as sensações. Por vezes, não é fácil ter de mostrar à equipa que estamos confiantes e temos quase tudo controlado.
Sente agora um nervosismo diferente?
Principalmente quando estou a ver os meus pilotos em direto na televisão e de repente vejo-me a barafustar, do género: "Oh, não! Agora não podes cometer o mais pequeno erro." Isto, convencido de que eles me estão a ouvir [risos].
Em novembro de 2016, convidou o Sébastien Ogier para experimentar o Toyota Yaris, na Catalunha, mas o francês não ficou lá muito convencido?
Isso foi numa altura ainda algo prematura e em plena fase de testes de um carro que estava a ser desenvolvido. Ele [Ogier] não se mostrou satisfeito e foi para a Ford. Basicamente, foi uma opção correta e é curioso que os melhores pilotos estão distribuídos por três/quatro equipas. Assim não se mata o interesse pelo WRC, pois há vários candidatos aos pódios.
Orgulho no título de hóquei no gelo
A Finlândia é um viveiro de pilotos campeões - da F1 ao WRC -, mas confrontámos Makinen com a ausência de grandes futebolistas. Sem deixar concluir a questão, atirou: "Ei! Temos o míster [Teemu] Pukki, que está a fazer uma carreira absolutamente brilhante em Inglaterra [melhor marcador esta época da II Divisão, pelo Norwich] e já lá vai o tempo do Jari Litmanen, o melhor de todos." Mas Makinen tinha outra resposta para O JOGO: "Atenção que no domingo passado a Finlândia sagrou-se campeã mundial de hóquei no gelo!"