D. Afonso Henriques esteve em Munique a apoiar Portugal: “Estes rapazes têm muito valor”
Resignado com a derrota, disse a O JOGO que “foi incrível jogar contra a melhor equipa do Mundo”
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“O que mais me custou foi deixar a família sozinha uma semana. Sou casado com uma mulher estrangeira, que ainda não tem grandes amizades em Portugal, mas que foi a grande impulsionadora para que eu viesse apoiar a Seleção Nacional aqui em Munique. Se me perguntasse se qualquer pessoa pode vir apoiar a Seleção com o mesmo 'grande' custo que referi, obviamente que não”, começou por contar a O JOGO Luís Camarinha, o adepto português que esta segunda-feira, no Olympiahalle, foi D. Afonso Henriques.
Camarinha, de 48 anos, que foi pivô e fundamentalmente jogou no Boavista e FC Porto, explicou a razão pela qual foi equipado a rigor. “D. Afonso Henriques vestia nobre, só tinha estas vestes quando ia conquistar terras aos mouros e nós viemos conquistar a Europa e contrariar as apostas que apontavam Portugal como o flop do Europeu”, disse, resignado com a derrota frente à tricampeã mundial (2019, 2021 e 2023), campeã olímpica (Rio'16) e bicampeã europeia, mas com títulos não seguidos: 2008 e 2012. “Foi incrível jogar contra a melhor equipa do Mundo, foi mesmo incrível”, afirmou, encantado.
Relativamente ao facto de estarem de cerca de 50 adeptos portugueses, contra uns largos milhares da Dinamarca, este portuense falou de mentalidades. “Antes de mais, devemos criar condições para que possamos passar dos 8 aos 80. Por exemplo, e nem vou falar de proximidades, a Islândia, que é perto de coisa nenhuma e tem 350 mil habitantes, leva sempre entre 1 a 2% da população aos eventos internacionais de andebol, e nós, com 10 milhões, levamos 40 ou 50 pessoas, o que corresponde a zero vírgula muitos zeros. Até a Grécia preencheu 1/3 de um pavilhão que leva 12 mil pessoas”, relatou.
“D. Afonso Henriques vestia nobre, só tinha estas vestes quando ia conquistar terras aos mouros e nós viemos conquistar a Europa”
“É natural que com o nosso nível de vida seja difícil conseguir deslocar uma massa adepta para estes eventos, mas temos, e devemos, fazer melhor. Até certa altura, atletas, treinadores e dirigentes deviam trazer a alegria para Portugal, agora está no momento de Portugal fazer mais pelos agentes desportivos”, prosseguiu, deixando exemplos: “Quando procuramos sponsors para o andebol, devemos cabimentar o custo do apoio que precisamos para ir mais além. Estamos na altura escolher o que queremos fazer, ou dar um passo em frente, ou ser ultrapassado por quem vem atrás”, alertou o fundador e ex-presidente do Porto Masters de andebol.
Refira-se que entre os adeptos que estiveram ao lado de D. Afonso Henriques, contavam-se Paulo Faria, antigo internacional português, Ricardo Costa e Cândida Mota, também antigos internacionais portugueses e pais dos prodígios Martim e Kiko Costa.
“Somos um país de guerreiros e os nossos rapazes não são exceção. Vamos conseguir ir longe”
Luís Camarinha vai agora até Hamburgo, onde a Seleção Nacional disputará o Main Round deste Europeu de andebol. “Vou com muita fé, senão não ia. Estes rapazes têm muito valor, há aqui uma mescla de experiência e juventude, mas também algumas ausências. Somos um país de guerreiros e os nossos rapazes não são exceção. Vamos conseguir ir longe, Portugal acredita que somos capazes. Por Portugal, tudo”, concluiu Camarinha.