Irlandês iniciou, em março, uma aventura inédita, ao tentar ser o primeiro estrangeiro campeão nacional, no carro da Hyundai Portugal. E explicou a O JOGO, em entrevista publicada a 10 de março, o que o motivava. Craig Breen era um dos pilotos mais cotados do Mundial de Ralis, mas este ano só teria um programa de cinco ou seis provas. O resto do tempo seria em Portugal. Recorde a entrevista:
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Craig Breen é irlandês, tem 33 anos e já fez 76 provas do Mundial de Ralis, no qual conta nove pódios. O último foi um segundo lugar na Suécia, em fevereiro - é sexto no WRC -, e estreia-se hoje no Campeonato de Portugal de Ralis pela equipa nacional da Hyundai. Vai trocar o protótipo híbrido i20 Rally1 por outro i20 do segundo escalão (Rally2) e será o primeiro piloto do WRC a lutar pelo título português.
Como surgiu a hipótese de fazer o campeonato em Portugal?
-Trabalho com a Sports&You há muitos anos, talvez há dez, o José Pedro Fontes é meu amigo e ele falou-me deste projeto com a Hyundai Portugal. Perguntou-me se estava interessado, vim conversar e foi fácil aceitar. Tão simples quanto isso.
Correr o campeonato de um país não é um passo atrás para um piloto do WRC?
-Não é um passo atrás. Ainda estou no Campeonato do Mundo, esta é só mais outra aventura. O objetivo continua a ser o WRC, ainda estou lá. Fizemos um bom trabalho no Rali da Suécia e isto é algo paralelo.
Esta opção por dois campeonatos pode ser o futuro para mais pilotos do WRC?
-Acho que só resulta para quem não fizer a época toda no WRC. Para quem está a tempo inteiro é impossível participar noutro campeonato. Só mesmo para alguém como eu.
Que já conhecia da Hyundai Portugal?
-Ao falar com o Zé Pedro, ele disse-me que estavam a fazer um trabalho imenso em Portugal. Começaram o projeto há três anos e estão a investir muito. Lembro que, no início, tinham o Carlos Vieira, mas o Zé Pedro explicou-me que estavam a fazer um grande esforço e a crescer cada vez mais. Já estava impressionado antes de começarmos a trabalhar juntos e, agora, que conheço mais de perto, estou ainda mais.
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Há quem pense que vai dominar todas as provas. O que tem para lhes dizer?
-É possível ganhar todas as corridas, é possível que outro piloto ganhe todas as corridas. A verdade é que, de momento, nada aconteceu. Sei que vai ser difícil. Muitos ralis são novos, nunca os fiz antes, conheço algumas das etapas de terra, mas tenho de descobrir quase tudo desde o início. Logo veremos. Queremos vencer o campeonato, isso é o mais importante, mas eu só quero desfrutar dos ralis e logo veremos como terminam.
Quem conhece o campeonato português dirá que veio para derrotar os Skoda...
-Honestamente, não sei. Tenho de começar e ver todos os outros. Corri cá há alguns anos e fomos competitivos, mas não sei se são as mesmas pessoas. Tenho a certeza que todos podem ser rápidos.
Acha que vai aprender a dizer "sou campeão" em português?
-Se for campeão, eu aprendo.
Ora diga lá...
-Vou ser campeão [em português]. Afinal é fácil...
"Tenho casa de férias em Albufeira e gosto da vossa paixão pelos ralis"
Estreou-se no Rali de Portugal em 2009, sendo 25.º com um Ford Fiesta, mas gostou tanto do Algarve, que voltou no mesmo ano. "Tenho uma casa de férias em Albufeira, por isso passo muito tempo cá. Gosto das pessoas, são sempre muito amigáveis e apaixonadas pelo desporto motorizado, especialmente no Norte. Este é um sítio especial na história dos ralis. Adoro vir cá, também sou apaixonado por desporto motorizado, portanto sinto-me sempre bem numa parte do mundo que também o aprecia", contou sobre o interesse por Portugal.
"Espero um campeonato equilibrado"
Breen já fez seis vezes o Rali de Portugal, três os Açores (ganhou em 2015) e correu em Mortágua (vencedor em 2016) e em Fafe.
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Do que já conhece, há uma forma de correr diferente entre o WRC e campeonatos nacionais?
-Talvez o ritmo não seja tão elevado como no WRC, mas os pilotos conhecem as classificativas muito bem e elas são semelhantes todos os anos. Com isto, eles têm uma vantagem. Por isso, digamos que um piloto do WRC terá esse beneficio de estar habituado a correr a um nível mais alto - e o Mundial é superior por alguma razão... -, mas os pilotos nacionais têm o maior conhecimento dos troços. Somando tudo, espero um campeonato equilibrado.
"Fazer ralis nunca é demasiado"
Está surpreendido com a qualidade da lista de inscritos de Fafe?
-Sim, mas é o campeonato europeu, por isso muitos querem fazê-lo, mais alguns pilotos do WRC2 que vão treinar para o Rali de Portugal. Há quem venha para conhecer classificativas. É bom para o rali, será um bom espetáculo.
Não será fácil ganhar?...
-Com certeza, mas é sempre difícil. Esperemos que o tempo esteja melhor.
Depois de Fafe vai ao Rali do México e a seguir tem um na Irlanda. Não é demasiado?
-Não, nunca é demasiado. E na Irlanda será com o carro antigo [Ford Sierra Cosworth] e adoro correr com carros antigos. Isto é a minha paixão, é da competição que retiro prazer, por isso estou sempre desejoso por ralis.