Coronavírus fechou jogo com árbitro português: "Foi uma sensação muito estranha"
Árbitro portuense Fernando Rocha esteve em Itália, o país europeu mais afetado pela epidemia e onde já foi decretado o fecho temporário de escolas e universidades, bem como a realização de jogos sem público.
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Pela segunda vez esta temporada, o árbitro Fernando Rocha apitou um encontro da Euroliga, a maior competição europeia de clubes de basquetebol, à porta fechada.
Mas se no primeiro, o Panathinaikos-Fenerbahçe, em dezembro, não houve público por motivos disciplinares, no caso do duelo entre Olímpia Milano e Real Madrid as bancadas estiveram vazias por causa do coronavírus.
Assim, no Mediolanum Forum, que tem capacidade para mais de 12 mil espectadores, estiveram apenas "cerca de 60 a 70 pessoas, entre equipas, staff, equipa de arbitragem e pessoal da transmissão televisiva". "Foi uma sensação muito estranha. Não tínhamos nenhuma referência, ouvia-se tudo e era difícil manter a concentração, mas tivemos de nos adaptar. Falámos sobre essas circunstâncias na reunião da manhã e penso que fizemos um bom trabalho", afirmou a O JOGO o juiz portuense, acrescentando que, no pavilhão, "houve alguns cuidados de separar as equipas, para que existisse o menor contacto possível".
O português, que só viajou para Milão no dia do encontro, contou que "foi feito um controlo de temperatura dos passageiros à chegada, por pessoas com luvas e máscara", não notando "nada de anormal" por onde passou. "Não andei pela cidade. Como fomos no dia de jogo, não havia grande tempo, o nosso hotel ficava a 45 minutos do pavilhão e tínhamos de nos apresentar com uma hora e meia de antecedência. Mas sim, notei menos gente; não estava tudo fechado, mas havia menos gente nos sítios", recordou o árbitro, que seguiu para Atenas, onde apita hoje o Panathinaikos-CSKA Moscovo. "À saída, o aeroporto estava praticamente vazio e o voo, que teria capacidade para cerca de 150 pessoas, teria umas 50, no máximo. Na Grécia, já não houve controlo nenhum", relatou Rocha, que regressa a Portugal amanhã, assegurando que vai estar "atento se tiver algum sintoma."
Há duas décadas na EuroLiga
Com 50 anos, o limite de idade para a Federação Internacional (FIBA), Fernando Rocha pretende continuar a carreira ao mais alto nível, na EuroLiga, à qual pertence desde o início da competição (2000). "Já não sou árbitro FIBA. Na EuroLiga, não há limite de idade e já há uns seis ou sete árbitros com mais de 50 anos. Creio que essa lista vai duplicar na próxima época e conto estar lá. Em Portugal, também não há limite. Portanto, permanecerei em ambos os lados", adiantou.