Nikolai Davydenko usou os recentes casos de doping que afetaram Jannik Sinner e Iga Swiatek para criticar o regulamento da Agência Mundial Antidoping, que considera excessivo
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Nikolay Davydenko, antigo tenista russo que chegou que chegou a ser o terceiro melhor classificado do ranking ATP, em 2006, tendo-se retirado dos “courts” em 2014, comentou esta quinta-feira a atualidade desportiva desta modalidade, lançando críticas à Agência Mundial Antidoping (AMA) pelos recentes casos de doping que afetaram Jannik Sinner e Iga Swiatek.
Em declarações ao canal russo Match TV, Davidenko, que conquistou um total de 23 títulos na carreira, defendeu que os testes positivos destes dois atletas são apenas exemplos da excessividade do regulamento da AMA, defendendo que não tiveram vantagens físicas devido às substâncias proibidas detetadas nos seus corpos.
“Sinner está a jogar muito bem, é genial. Gosto das suas táticas no campo, não se trata de doping. Vi-o em 2019 e, comparando com agora, a diferença é muito decente. Jannik começou a jogar de outra forma, mudou seriamente de tática. Metade dos tenistas dizem agora que ele ganha por causa do doping. Será que eu deveria dizer que Mariano Puerta me ganhou em 2005 no Roland Garros por causa disso? Eu fiquei fisicamente morto e ele não, mas não sei o doping ajudou com isso”, começou por apontar, recordando o facto de o argentino que o derrotou na meia-final desse "major” francês, mais tarde, ter testado positivo para etilefrina, um estimulante cardiorrespiratório, acabando suspenso pela AMA por oito anos.
“Vais à farmácia, compras um comprimido para os brônquios que tem salbutamol e considera-se doping. Tens sempre de estar em contacto com um médico do desporto, é uma porcaria. Não te vais tornar no melhor jogador graças a um comprimido. Ténis é ténis, não chegarás a ser o número 1 graças ao doping. Antes era mais fácil regular o doping, mas agora piorou, começa a ser uma loucura. Era mais fácil quando eu jogava: não me preocupava muito, bebia e comia em todo o lado sem pensar sequer em que me pudesse estar a dopar. Não sei porque é que endureceram tanto o controlo, não surte nenhum resultado. A ATP precisa de resolver isso, porque no geral é uma organização genial e que é leal aos jogadores”, apelou.
Noutro tópico, Davidenko, de 43 anos, considerou que, depois dos finais de carreira de Roger Federer e Rafael Nadal, Novak Djokovic, de 37, está a ficar sem tempo para “lutar contra a natureza”.
“Nadal não tinha nem 40 anos e já não podia lutar fisicamente com profissionais do top-50 do mesmo nível. É inútil. Federer, aos 40, tentou demonstrar que era duro, mas não demonstrou nada. Djokovic está a fazer o mesmo agora, a tentar demonstrar que não quer saber da idade. Novak tenta enganar a natureza, mas só pode fazê-lo mais um par de anos. Não somos robôs, as cargas são grandes e as lesões acontecem. Tomem como exemplo qualquer tenista atual, todos tiveram, têm ou terão problemas de saúde. Todos acabam a carreira por causa de lesões que nos limitam nos treinos”, concluiu.