Rosa Mota "desapareceu" do COP e Constantino desconhece motivos do afastamento.
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José Manuel Constantino revelou que Rosa Mota “desapareceu” enquanto fazia parte da comissão executiva do Comité Olímpico de Portugal e que até hoje desconhece os motivos desse afastamento, embora suspeite que resulte de discordâncias sobre a gestão do organismo.
“Até ao dia de hoje, eu suspeito que esse motivo de afastamento tem a ver com a discordância de orientações sobre a forma como o Comité Olímpico de Portugal é dirigido e que está na origem dessas razões o afastamento de Rosa Mota do Comité Olímpico de Portugal”, afirmou o presidente do COP.
Em entrevista à agência Lusa, Constantino falou publicamente “pela primeira vez” sobre os motivos que levaram à saída da campeã olímpica da maratona em Seul'1988 da sua comissão executiva, que integrou como vice-presidente nos seus dois primeiros mandatos.
Seguindo uma ordem cronológica, recordou que Rosa Mota e o marido, José Pedrosa, incentivaram-no a candidatar-se à presidência do COP pela primeira depois de Pequim'2008 e “voltaram à carga” após Londres'2012, sendo incansáveis na “mobilização de apoiantes, na recolha de apoios, naquelas coisas que são obrigatórias para uma candidatura que partiu com o apoio de quatro federações, quando no terreno já havia duas ou três instaladas”.
“E a Rosa Mota aceitou ser vice-presidente do COP. Trabalhou que se fartou, acompanhava-me para todo o sítio, e foi um elemento pujante naquilo que foi o exercício das minhas funções até aos Jogos Olímpicos do Brasil [2016]. Aí, houve algumas ocorrências que não mereceram aprovação sobre a forma como eu as geri, envolvendo pessoas. Mas essa situação foi ultrapassada. E, quando se constitui a candidatura para o segundo mandato, a Rosa aceitou [o convite], mas as coisas não correram bem”, contou.
José Manuel Constantino precisou que, “em determinado momento”, recebeu um e-mail da antiga atleta “pedindo a suspensão do mandato por um ano e solicitando que as razões da suspensão, ou melhor, que a suspensão não fosse objeto de divulgação”.
“Respeitei essa decisão. Passou um ano e a Rosa nunca mais apareceu, nem apresentou nenhuma justificação. Estou em desacordo, estou em acordo, aconteceu isto, aconteceu... O que é que aconteceu? O que é que deixou de acontecer? Desapareceu. […] Nunca a Comissão Executiva do COP foi informada de quais os motivos por que a Rosa Mota deixou de participar nas reuniões, para a qual era sempre convocada e recebia as ordens de trabalhos. Entretanto, conversa aqui, conversa acolá, vai-se sabendo que há discordâncias do ponto de vista do Dr. José Pedrosa, que naturalmente a Rosa segue, sobre as decisões que eu tomo, mas eu não sei quais são”, detalhou.
Até hoje, segundo o presidente do COP, não houve qualquer conversa entre si e aquela que é uma das maiores referência da história do atletismo português.
“Para o presidente do COP, a Rosa Mota é um dos maiores símbolos do desporto nacional, a quem o desporto nacional estará eternamente reconhecido, quer por aquilo que fez do ponto de vista desportivo, quer por aquilo que continuou a fazer - e continua - do ponto de vista da promoção da atividade física”, salientou.
José Manuel Constantino reforçou que a recente recordista mundial de veteranos da meia-maratona, de 65 anos, “ocupa um lugar cimeiro e insubstituível na história do desporto nacional”.
“No plano pessoal, é um assunto que eu nunca abordarei. A minha mágoa é muito grande, mas vai comigo para o caixão”, concluiu.