Ben King é, provavelmente o ciclista em prova com melhor currículo
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Ben King venceu uma sexta etapa de homenagens na Volta a Portugal, com o ciclista norte-americano a ganhar em nome da mulher e do filho, e Alejandro Marque a vestir uma amarela personalizada em honra de Daniel Freitas.
Comece-se a história pelo momento feliz do norte-americano da Rally Cycling, que escapou do pelotão logo nos quilómetros iniciais juntamente com outros 10 corredores, e se isolou nos derradeiros 15 para interromper uma seca de resultados que durava desde a Volta a Espanha de 2018.
"Conseguem ver-me sorrir, conseguem ver quão feliz eu estou?", perguntou aos jornalistas, apontando para a máscara que escondia o sorriso, mas não os olhos felizes, de quem tinha acabado de somar a segunda vitória da sua equipa na 82.ª edição da prova portuguesa, diante de Alastair Mackellar (Israel Cycling Academy), segundo a nove segundos, e Tom Wirtgen (Bingoal Pauwels Sauces), terceiro a 15.
Num dia sem alterações na geral individual, à exceção dos dois segundos recuperados por Mauricio Moreira, foi o desentendimento entre os homens da Efapel, nomeadamente António Carvalho, relegado para a última posição do grupo que cortou a meta a 08.13 minutos por "sprint" irregular, e Joni Brandão (W52-FC Porto) o único verdadeiro ponto de interesse nesta luta tão particular.
Contudo, hoje, a covid-19 voltou a deixar em segundo plano as incidências da corrida, com o pelotão a sair de Viana do Castelo, para os 182,4 quilómetros até Fafe, encabeçado por um Alejandro Marque taciturno - o sorriso do galego esfumou-se no momento em que soube que iria herdar a camisola amarela de Daniel Freitas, afastado da prova devido a um terceiro caso de covid-19 na equipa da Rádio Popular-Boavista.
Novamente líder da geral, o galego de 39 anos voltou a demonstrar toda a sua classe, prestando homenagem ao "boavisteiro", ao "rabiscar" o nome de Freitas na camisola que envergou na sexta etapa e ao chamar a atenção aos fotógrafos para a inscrição que colocou na parte superior direita da sua amarela.
Quatro quilómetros depois da partida real, já King, Mackellar e o seu companheiro Mason Hollyman, Wirtgen, Juan Diego Alba (Movistar), Isaac Canton (Burgo-BH), Pedro Paulinho (Tavfer-Measindot-Mortágua), Roniel Campos (Louletano-Loulé Concelho), Hélder Gonçalves (Kelly-Simoldes-UDO), Marvin Scheulen (LA Alumínios-LA Sport) e Bruno Silva (Antarte-Feirense) andavam na frente.
Formada a fuga do dia, o pelotão "parou", com o Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel a abdicar outra vez da perseguição e a deixar o grupo ganhar mais de 10 minutos, numa tentativa de forçar outros - W52-FC Porto e Efapel - a perseguir.
Com Bruno Silva, o mais bem classificado, a mais de 15 minutos da amarela - acabou por ser premiado com a camisola da montanha, uma classificação que venceu em 2015 -, a fuga teve luz verde para triunfar, com as "escaramuças" entre os escapados a começarem a mais de 40 quilómetros da meta, mas a só resultarem quando o norte-americano da Rally Cycling atacou já com Fafe à vista.
King, provavelmente o ciclista em prova com melhor currículo - ganhou duas etapas na Vuelta em 2018, foi campeão nacional em 2010, e venceu uma etapa na Volta à Califórnia e no Critério Internacional, além de ter passado por equipas como a RadioShack e a Dimension Data, do WorldTour -, fez um verdadeiro contrarrelógio até à meta, que cortou com o tempo de 04:22.00 horas.
"Tenho trabalhado muito depois de uma temporada complicada no ano passado, com tudo o que aconteceu. Estou extremamente orgulhoso por ter conquistado esta vitória para a Rally Cycling e para a minha mulher e o meu filho de 10 meses que chegaram hoje à Europa. Vou vê-los quando esta corrida acabar... eles fazem realmente muitos sacrifícios por mim", enalteceu o corredor de 32 anos.