COI proíbe eventos olímpicos na Indonésia após ausência de Israel dos Mundiais de ginástica
O COI reuniu-se por via remota esta semana para discutir o acesso de desportistas às provas internacionais, tal como o cancelamento de vistos a atletas de Israel por parte do Governo da Indonésia, país onde ocorrem os Mundiais de ginástica artística, em Jacarta
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O Comité Olímpico Internacional (COI) proibiu esta quarta-feira a Indonésia de sediar eventos olímpicos até que seja levantada a proibição imposta aos atletas de Israel, que foram impedidos de entrar no país e participar nos Mundiais de ginástica artística.
"Para evitar situações semelhantes no futuro, o Conselho Executivo do COI decidiu encerrar qualquer forma de diálogo com o Comité Olímpico da Indonésia sobre a realização de futuras edições dos Jogos Olímpicos, dos Jogos Olímpicos da Juventude, de eventos olímpicos ou de conferências, até que o Governo indonésio forneça ao COI garantias adequadas de que permitirá o acesso ao país a todos os participantes, independentemente da sua nacionalidade", informou o organismo, em comunicado.
O COI reuniu-se por via remota esta semana para discutir o acesso de desportistas às provas internacionais, tal como o cancelamento de vistos a atletas de Israel por parte do Governo da Indonésia, país onde ocorrem os Mundiais de ginástica artística, em Jacarta.
As federações internacionais são recomendadas a não organizarem eventos desportivos internacionais na Indonésia, cujo Comité Olímpico e a Federação Internacional de Ginástica (FIG) foram convidados a comparecer na sede do COI, em Lausana, na Suíça, para discutir a situação ocorrida antes da 53.ª edição dos Mundiais de ginástica artística.
Empenhada em adaptar os princípios de apuramento para os próximos Jogos Olímpicos, a entidade presidida pela zimbabueana Kirsty Coventry solicitou igualmente às federações internacionais que incluam nos respetivos acordos de hospedagem garantias de acesso para todos os atletas aos países que recebam as competições de qualificação olímpica.
"Todos os atletas, equipas e dirigentes desportivos elegíveis devem poder participar em competições e eventos desportivos internacionais sem qualquer forma de discriminação por parte do país anfitrião, em conformidade com a Carta Olímpica e os princípios fundamentais de não discriminação, autonomia e neutralidade política que regem o movimento olímpico", observou.
Em setembro, quando se reuniu em Milão, na Itália, o Conselho Executivo do COI já tinha expressado a sua preocupação com a restrição de acesso de atletas aos países que organizam provas e o boicote e cancelamento de competições devido a tensões políticas.
"O Conselho Executivo aproveitou a oportunidade para lembrar a todos os envolvidos no movimento olímpico a importância do acesso livre e irrestrito ao respetivo país para que todos os participantes possam participar em competições internacionais", reconheceu.
A Indonésia é o país de maioria muçulmana mais populoso do mundo e tem apoiado a Palestina, na sequência da operação militar de Israel na Faixa de Gaza em outubro de 2023, recusando-se a acolher delegações israelitas desde os Jogos Asiáticos de 1962.
Liderado por Artem Dolgopyat, campeão mundial em título na prova masculina do solo - disciplina na qual conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e a prata em Paris2024 -, Israel planeava atuar nos Mundiais de ginástica artística, que começaram no domingo e terminam no sábado, com seis atletas de Portugal presentes.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos e quase 170.000 feridos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, além da destruição de quase todas as infraestruturas do enclave palestiniano e da deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.