Um ataque com um míssil às instalações da Aramco, a apenas 18 quilómetros do circuito Jeddah Corniche, transformou por completo o primeiro dia do Grande Prémio da Arábia Saudita
Corpo do artigo
Lewis Hamilton foi uma das vozes mais ativas contra a realização do GP da Arábia Saudita depois o ataque com um míssil a uma refinaria a cerca de 18 quilómetros da pista e enquanto decorriam os treinos livres de sexta-feira.
O piloto da Mercedes defendeu, no decorrer da reunião dos pilotos que durou quatro horas, um boicote à prova saudita, posição na qual foi acompanhado por Fernando Alonso (Alpine), George Russel (Mercedes) - representante da GPDA, a Associação dos Pilotos - Pierre Gasly e Lance Stroll. Este quinteto considerou que a explosão a menos de 20 quilómetros do circuito de Jeddah era um sinal óbvio de que a segurança estava em causa.
14717775
Segundo o jornal italiano La Gazzetta dello Sport, estes pilotos tiveram de ser convencidos de que não existia qualquer problema de segurança. Uma delegação saudita, que acabou por aparecer na reunião dos pilotos, garantiu que o tal ataque com um míssil - reivindicado pela milícia iemenita Houthi-, era "apenas" mais um ato da guerra que dura há mais de sete anos e a milícia apenas via locais da indústria petrolífera da Arábia Saudita.
Recorde-se que, um ataque com um míssil às instalações da Aramco, a apenas 18 quilómetros do circuito Jeddah Corniche, transformou por completo o primeiro dia do Grande Prémio da Arábia Saudita, que esteve por um fio e perto de ser a segunda corrida da temporada cancelada, depois de o GP da Rússia ter sido riscado. A confirmação de que haveria corrida surgiu já perto das três da manhã em Jeddah, depois de uma maratona de conversações entre os pilotos.
Num dia longo, a maior companhia de petróleo e gás natural do mundo, parceira global da Fórmula 1 e patrocinadora da Aston Martin foi alvo dos rebeldes houthis, movimento xiita suportado pelo Irão no Iémen, onde a Arábia Saudita intervém desde 2015, liderando uma coligação militar de países sunitas que apoia o governo. "O meu carro está a arder?", questionou Max Verstappen (Red Bull) via rádio, face ao intenso cheiro vindo de uma grande coluna de fumo visível ao longe.
14713410
O alarme tomou logo conta do Grande Circo, mas, após uma primeira reunião entre equipas, pilotos e o CEO Stefano Domenicali, os segundos treinos livres realizaram-se, com Charles Leclerc a ser o mais rápido. Depois de nova reunião, Domenicali e o presidente da FIA Mohammed Ben Sulayem asseguravam que o fim de semana iria decorrer "como o planeado".
No entanto, entre os pilotos as opiniões pareciam dividir-se, tendo, por exemplo, o conselheiro da Red Bull, Helmut Marko, partilhado que Sergio Pérez estava "assustado". Os 20 corredores estiveram reunidos mais de quatro horas, ora sozinhos, ora na presença de responsáveis das equipas e F1, com Lewis Hamilton e Fernando Alonso entre os mais interventivos - o britânico seria um dos cinco pilotos que não queria correr. O impasse fez lembrar março de 2020, quando o GP da Austrália esteve até à última para ser cancelado por causa da pandemia, mas, desta vez, o desfecho foi diferente.