"Cassiano Klein disse que eu tinha de fazer o que ele mandasse, tentava controlar-me o tempo inteiro"
Declarações de Ivan Chishkala, que deixou o Benfica em maio, após cinco temporadas, em entrevista ao portal russo "sports.ru"
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Ivan Chishkala deixou o futsal do Benfica em maio, depois de cinco temporadas no emblema encarnado. Em entrevista concedida ao portal russo "sports.ru", falou em "desentendimentos constantes" com o treinador Cassiano Klein e lembrou ainda o antigo técnico Pulpis.
"Em 2022, assinei um novo contrato de três anos e veio um novo treinador para o clube, o Pulpis. Ele não confiava nos fixos e pediu-me para assumir esse papel mais recuado para ajudar a equipa. Sacrifiquei os meus interesses, fiz o trabalho "sujo", algo absolutamente normal para mim. Mas a história continuou. Disseram-me: "Temos um problema na defesa, precisamos de tapar este buraco". Joguei como defesa durante dois anos, embora não seja a minha posição. E discuti muito sobre isso com os treinadores", começou por dizer, antes de falar de Cassiano Klein.
"O treinador disse que eu tinha de jogar de uma certa maneira, como a gente, e fazer o que ele mandasse. Ele queria controlo total, tentava controlar-me o tempo inteiro. Eu respondia: "Sei o que preciso de fazer, não preciso que me digas isso o tempo todo. Posso chegar ao resultado de maneira diferente, sem destruir o sistema." Tentei explicar minha posição, mas disseram-me diretamente: "Tens de obedecer, porque estás no fundo da hierarquia". Respondi que isso não iria funcionar comigo. Tínhamos desentendimentos constantes", explicou, dando de seguida um exemplo concreto:
"Já sou um jogador experiente e sei como preparar-me para um jogo. Se tivermos um jogo no sábado, no treino de quinta-feira dou 70 a 75 por cento, porque preciso de guardar as minhas energias. Se virem de fora, nem notam diferença. O treinador chega à minha beira e diz que não gosta. Eu respondo: "Espere até sábado, que vou mostrar resultados." Ele responde que não acredita, porque já viu muitos jogadores assim. Quando chega a sábado, marco, jogo bem e ajudo a equipa. Depois do jogo, o treinador diz que não é por causa da preparação, mas que tive sorte. Outro exemplo. Ele acreditava que, após o treino, um atleta deveria dedicar-se inteiramente ao futsal. E eu acho que não. Para mim, o futsal é uma parte da vida, a parte principal da vida. Mas, ao mesmo tempo, é importante dedicar tempo à família, aos meus hobbies e a outras coisas. Por exemplo, eu posso ir jogar padel e para ele [treinador] significa que não estou completamente focado no processo, que não penso apenas na equipa e no futsal."