Carlos Matos, presidente do ABC: "Sinceramente, não vejo jogadores talentosos a aparecer"
Carlos Matos, presidente do ABC há seis meses, após ter sido jogador durante 19 épocas, tendo chegado como iniciado, crê na recuperação de um clube de enorme tradição
Corpo do artigo
Carlos Matos, de 46 anos, é uma das figuras do ABC, onde jogou quase duas décadas, a central. É, agora, o responsável máximo dos bracarenses.
No início da temporada, com aquela série de maus resultados, chegou a temer uma época historicamente má do ABC?
-Se estamos a falar em descida de divisão, não. No entanto, ao fim das primeiras jornadas, quando vi o ABC com apenas uma vitória e um empate, e percebi que estávamos em 14.º lugar, cheguei a temer uma época má, mas nunca a descida de divisão.
A decisão de fazer sair Jorge Rito custou a tomar?
-Foi seguramente a que mais me custou e nenhuma das decisões que venha a tomar me custará tanto. E porquê? Porque é um treinador extremamente competente, dos melhores que há em Portugal, é academista, como eu, e é meu amigo pessoal, temos uma ligação de uns 25 anos, fomos campeões de juvenis juniores e seniores. Transformou-se numa amizade que ainda hoje se mantém. Foi a decisão mais difícil que tomei e tomarei.
Despedir Jorge Rito, de quem o líder dos minhotos diz ser amigo pessoal, foi uma tomada de posição bastante difícil de assumir, até porque, afirma, trata-se de "um treinador extremamente competente".
E o comunicar da decisão?
-Foi um momento de nervosismo, inquietação, até de dúvida, apesar de muito ponderada. O professor Jorge Rito não estaria à espera e foi uma hora de angústia e até de sofrimento.
O nome de Filipe Magalhães surgiu por estar "ali à mão"?
-Não, nada disso. Surgiu com naturalidade, é treinador do ABC há 12 anos, era o técnico dos juniores e coordenador de toda a formação e é competente. Eu conhecia o trabalho dele, também é academista e acredito que esteja na cadeira de sonho. Mais, olhando para o mercado nacional, não havia ninguém que desse mais garantias. Não foi um remendo, foi competência. O mesmo aconteceu com o Zé Vieira, que contratamos pelo academismo dele. Temos uma equipa técnica de academistas e de grande competência.
Quando o Filipe Magalhães entrou, o ABC fez cinco vitórias seguidas. Estava a contar?
-Estávamos a contar com uma melhoria. Mas, obviamente que houve jogos nesta caminhada de extrema dificuldade, primeiro pela valia dos adversários, e depois pelo momento de nervosismo que a equipa estava a viver. Houve uma vitória muito importante, que foi em Belém, um pavilhão, onde, salvo erro, não ganhávamos há quatro épocas.
14713410
Onde acredita que o ABC se vai posicionar?
-Sou otimista e sonhador por natureza. Acredito e temos em mente olhar para o quarto lugar. É extremamente difícil, não depende só de nós, mas acredito. Se o fizermos, serão dois terços do campeonato brilhantes.
Como vê o futuro do andebol português?
-O investimento dos três principais clubes de futebol é ótimo, e até devia haver mais clubes a fazê-lo, mas Portugal não está a formar mais e melhores jogadores. Isso é algo que me preocupa e devia preocupar os principais agentes da modalidade. A curto/médio prazo quem vai sofrer é a Seleção Nacional e o próprio andebol português. Sinceramente, não vejo jogadores talentosos a aparecer.
14717775