Famoso como ciclista e com carreira como organizador, concorre à Federação Portuguesa de Ciclismo tendo dois opositores, mas diz que a sua preocupação tem sido “ouvir as pessoas”, assumindo-se como um candidato da “renovação”
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“Assumi a disponibilidade para ser presidente da federação em meados de janeiro e desde então só tive um ato público: a apresentação da candidatura. Não tenho andado a fazer campanha, como percebo fazerem os outros candidatos, apenas tenho ouvido as pessoas do ciclismo, as pessoas do mundo real do ciclismo, sobretudo as que lidam com a formação, pois quero aprofundar o conhecimento que tenho sobre as suas necessidades e problemas”, diz Cândido Barbosa a O JOGO, garantindo que já falou, “pessoalmente, com mais de 150 pessoas”, pois considera que apenas conhecendo “verdadeiramente a realidade se consegue analisar e encontrar soluções” e construir “um ciclismo mais moderno”.
Embora possua experiência como corredor, autarca e organizador de corridas, Cândido Barbosa considera que, aos 49 anos, ainda tinha mais para aprender na modalidade para poder ser presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo. “Tenho falado com pais que são também treinadores, mecânicos, dirigentes e massagistas dos filhos. É este o meu foco, olhar para aquela que é a realidade profunda do ciclismo e que precisa de mais atenção”. Embora considere Delmino Pereira, que o apoia, “um dos melhores presidentes da história do ciclismo”, nota que, “como todos, teve as suas lacunas”. “Uma delas esteve nas dores de crescimento do BTT”, completa.
“O BTT teve uma evolução tão grande que ficou algo por fazer. O departamento financeiro da federação – e se calhar o Delmino Pereira tem responsabilidades nas pessoas que escolheu para esses cargos – porventura criou uma discriminação entre BTT e estrada que não pode existir. O ciclismo é um só e o divisionismo é altamente indesejável e prejudicial. A equidade é urgente entre todas as vertentes, seja XCO, XCM, Enduro, Downhill, BMX ou Pista. Serei presidente de todas as vertentes”, garante Cândido, lembrando um ponto que considera fundamental: “Se mais não fosse, deveria ser percebido, por exemplo, que o BTT lança muitos jovens para o ciclismo de estrada e a estrada para a pista. É fundamental criar equilíbrios e favorecer o desenvolvimento de todas as vertentes”.
“É fundamental defender e reforçar o papel das associações regionais, melhorar as suas condições de trabalho e apoiar os clubes aquando da participação nas suas provas. É no ciclismo regional e na formação que se constrói o futuro do ciclismo, um ciclismo que desejo mais apelativo e moderno”, defende Barbosa.
"Federação precisa de melhor planeamento e estratégia"
Onde as suas ideias mais inovam é no método para detetar e apoiar talentos: “A formação deve ser trabalhada como se tem visto no andebol, tendo quem acompanhe de forma mais profissional os novos ciclistas desde os 10 ou 12 anos, e até pelo menos aos 18. A federação tem de auxiliar na prescrição do treino, na nutrição e fazendo um conjunto de análises para criar um registo dos atletas e traçar o seu perfil. No downhill, enduro ou BMX, terá de ser dado apoio técnico. As chamadas às seleções jovens não podem sair só da avaliação dos resultados do mês ou ano anterior, temos de dar oportunidades aos que têm capacidades com vista ao futuro. Porque vencer uma corrida, em determinadas idades, não significa que esse vá ser o melhor atleta no futuro. Para termos candidatos a medalhas olímpicas em 2032, na Austrália, este trabalho deve ser iniciado já. E de forma séria e transparente”.
O ex-corredor defende que a FPC e o ciclismo necessitam, por isso, de “melhor planeamento e estratégia, de mais trabalho e ambição, de mais transparência e ética - princípios e valores na gestão da federação e na prática desportiva – de mais garra e de mais futuro, alicerçado na formação, desenvolvimento, sustentabilidade, inclusão e conquistas”.
“O ciclismo é uma modalidade que está em permanente evolução, é impossível ficarmos agarrados ao passado. Por alguma razão, o meu slogan de campanha é Pedalar para o Futuro, precisamente porque queremos olhar em frente e preparar a mudança que se exige”, sustenta.
“Candidato da continuidade é quem tinha responsabilidades”
Sandro Araújo e Pedro Martins são os outros candidatos à Federação Portuguesa de Ciclismo, com Cândido Barbosa a considerar só terem a “preocupação de criticar outros e criar ruído”, realçando que o primeiro está “a cumprir o seu 12.º ano como diretor da federação”. “Eu sou a renovação, não a continuidade. A continuidade é um dos candidatos que está na direção da FPC há 12 anos e é acompanhado na sua candidatura pelos diretores federativos mais antigos. Ele é a continuidade, eu sou a renovação”.