Breaking português prepara Jogos de Paris: "Metade das pessoas não sabe o que faço"

Jogos Olímpicos de Paris
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Mesmo achando "que era possível, com muito treino", entrou confiante mas, perante oposição difícil, o triunfo só lhe pode granjear "inspiração para os próximos", com algumas competições no horizonte, entre elas o Campeonato do Mundo de sub-18 na Eslovénia, em junho
De olho em Paris'2024, Manuel Cunha e Valeria Karamysheva vão preparando terreno para representarem Portugal na final mundial do Red Bull BC One, em Roland Garros, enaltecendo à Lusa a elevação da dança urbana breaking a modalidade olímpica.
"Found Kid", o nome de "b-boy" de Manuel Cunha, e "Valeria", de Valeria Karamysheva, apuraram-se no Suspenso, em Lisboa, para representar Portugal na final mundial do Red Bull BC One, circuito mundial que acaba em Roland Garros, e até outubro vão apurando a forma, a dança que veio da arte para a competição, para representar Portugal.
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"Não esperava que fosse tão cedo, mas quanto mais cedo...", diz à Lusa a jovem de 17 anos, de Aveiro, quando questionada sobre o sucesso que conseguiu em Lisboa.
Mesmo achando "que era possível, com muito treino", entrou confiante mas, perante oposição difícil, o triunfo só lhe pode granjear "inspiração para os próximos", com algumas competições no horizonte, entre elas o Campeonato do Mundo de sub-18 na Eslovénia, em junho.
A qualidade de modalidade olímpica, a estrear em Paris'2024, "é uma motivação muito grande" para Karamysheva, porque "é bom ver o desporto crescer".
"Metade das pessoas com quem falo não sabem o que eu faço. Rodo na cabeça e faço mortais. Ninguém sabe a parte de desporto que esta arte tem, por isso é uma ótima novidade", explica a filha de pais russos nascida em Portugal, onde vive "desde sempre".
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Dez anos mais velho, Manuel Cunha começou aos 11 anos, na Maia em que vive, e já tinha participado "algumas vezes" na final nacional, porque gosta "da competição e da maior parte das provas", e a vitória deu-lhe a confirmação do valor da preparação que leva a cabo.
"Naquele dia senti-me bem e consegui evoluir em relação a anos anteriores. Deixou-me contente. (...) De certa forma, a competição faz parte da cultura, da cena do breaking. Com as novas plataformas, puxa por mim", descreve.
Esta "mistura", diz Valeria Karamysheva, entre cultura e desporto permite um equilíbrio entre um lado "muito mais liberal", mais livre, que a arte traz, e a "seriedade" do desporto, com um sistema de pontuações e votações, e será este último o que tem "de desenvolver um bocadinho mais".
"Found Kid" concorda, também porque vê nas competições "um objetivo, é onde se encontram as pessoas que mais trabalham na arte, na modalidade, como lhe quiserem chamar", motivando-se por querer "competir contra os melhores e evoluir".
Trabalha com dança, seja com animações e espetáculos ou com as aulas que dá, além do lado competitivo e de aproveitar o facto de "existirem mais plataformas e tipos de trabalhos diferentes", até aos grandes eventos, como o que viverá em outubro em Roland Garros, na mesma cidade dos Jogos Olímpicos e na final do mais expressivo circuito mundial da modalidade, sucessora do "break dance".
