Bodyboard é o parente pobre do surf? "É uma questão de ignorância", diz Joana Schenker
Joana Schenker já pensou em desistir, mas, com a certeza de que os momentos bons superam os maus, tornou-se na primeira campeã mundial portuguesa.
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Nascida em Portugal, filha de alemães que emigraram para Sagres, já tinha quatro Campeonatos Nacionais e igual número de Europeus. Com 30 anos acabados de fazer, juntou-lhes o Mundial.
A que sabe ouvir "Na história de todas as modalidades de ondas, temos pela primeira vez uma campeã mundial portuguesa..."?
"É muito especial. Portugal tem muito talento no bodyboard e no surf, e ser eu a trazer o título é uma honra".
Começou a praticar aos 13 anos, mas só no ano passado fez o circuito mundial na íntegra. No entanto, já tinha participado em algumas etapas. Com que idade fez a primeira?
"A primeira vez que competi no Mundial foi de certeza na Praia Grande, em Sintra, penso que tenha sido em 2003. Já foi há muito tempo".
Sempre esteve motivada?
"Qualquer atleta tem altos e baixos. Houve situações em que achei que não valia a pena continuar, mas a vontade de superar é mais forte do que a de desistir".
Fez 30 anos no dia 1 de outubro. É a atleta mais "antiga" do circuito?
"Não, há atletas bem mais velhas do que eu. O bodyboard é uma modalidade de grande longevidade".
Há a ideia de ser uma modalidade para jovens?
"As pessoas podem ter essa ideia, mas não é bem assim. É exigente fisicamente, mas não é só o físico que conta. Ser só bom a surfar não chega".
Agora que cumpriu o sonho de ser campeã mundial, pensa continuar muitos anos?
"Não penso em retirar-me, de maneira nenhuma. Foi só mais uma conquista, fico muito feliz com o que já consegui, mas há muito mais para fazer, para evoluir".
Tem como objetivo revalidar o título?
"Não quero prometer que vou lutar por outro título. Quando entro numa competição é para dar o meu melhor, quero manter-me entre as melhores do mundo. O top mundial é o objetivo mais realista".
Para alguns, o bodyboard é o "parente pobre" do surf. Ouve isso muitas vezes?
"Já se ouviu mais, e penso que a ideia se vai dissipando. Vai-se ganhando respeito pelo que os atletas fazem. Acho que quem diz isso ainda não abriu bem os olhos nem foi ver o que os bodyboarders fazem. Acho que é uma questão de ignorância".