João “Betinho” Gomes recusa abrandar e, acabado de se sagrar campeão pelo Benfica pela sétima vez, esqueceu os 40 anos e fixou novas metas em entrevista a O JOGO. E a seguir foi treinar...
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Com o tetracampeonato das águias, o extremo Betinho igualou os sete títulos de Jean-Jacques Conceição, Henrique Vieira, José Carlos Guimarães e Tomás Barroso, sendo apenas superado por Mike Plowden (oito) e Carlos Lisboa (dez).
Sabia que entrou diretamente para o top-3 dos atletas mais titulados do Benfica?
—Não fazia ideia. Isto porque, sinceramente, penso ano a ano. Estava mais focado em ganhar o título presente do que pensar em quantos campeonatos ganhei ou como estou no ranking. É algo que não me preocupa, mas, sabendo disso, é muito importante e um dado que me motiva para continuar a ganhar.
Ben Romdhane, que está há quatro anos no Benfica, considerou este o título mais difícil. Para si, que está na Luz há mais tempo, também foi?
—Sim. Começámos a época com muitas lesões, com jogadores importantes a ficarem de fora, e abrimos a temporada a perder a Supertaça contra o FC Porto. Continuámos com baixas e praticamente nunca tivemos o plantel a 100 por cento, o que nos fez perder mais jogos contra o FC Porto, na Taça de Portugal e na Taça Hugo dos Santos. Houve muita dúvida. Isso afetou a equipa e os jogadores. Por essa razão, foi uma época muito complicada. Soubemos dar a volta na parte final.
Dar a volta esteve apenas relacionado com a recuperação de jogadores ou também houve um novo ‘chip’ por ser a final?
—Ter toda a gente disponível na parte final foi importante, mas o facto de termos uma época em que sofremos muito fez-nos achar que merecíamos este desfecho. Por isso, fomos focados defrontar o FC Porto e foi uma vitória muito merecida.
O Benfica fez uma compilação de fotografias dos seus sete títulos. Tem memórias de cada um?
—Tenho, principalmente da primeira vitória, contra o FC Porto [2012]. Foi o meu primeiro campeonato a nível sénior e profissional e o facto de ter acontecido no Porto... Não sei se as pessoas se lembram do que aconteceu, mas recebemos a taça no balneário e estivemos uma hora lá trancados. Foi um dia épico. E sim, lembro-me de todos. No ano seguinte foi contra a Académica, depois Guimarães, depois entrou o Sporting, o FC Porto outra vez... Tenho bem clara a memória de todas as vitórias.
O primeiro foi então o mais marcante?
—Sim, fomos à negra, o que tornou aquele momento ainda mais especial. O pavilhão estava bastante cheio, com muito barulho, algo de que todos os atletas gostam.
Já está a pensar no penta?
—Claro [risos].
Que tem em mente para o futuro?
—Sei que não é fácil, agora aos 40 anos, mas queria chegar, pelo menos, aos 10 campeonatos pelo Benfica. É algo que tenho em mente, mas não vou pensar mais nisso agora. Quero pensar no penta. Acredito que podemos conseguir. Somos uma equipa com uma base muito forte. Mantendo essa base, podemos fazer algo similar no próximo ano.
Foi o jogador da década 2010-2020. Para o tentar repetir tem de ficar até 2030...
—Nada que seja impossível. Tenho feito boas exibições, o que me pode levar a concorrer por mais uma eleição de jogador da década.
“Nunca imaginei uma ligação tão longa ao clube”
Proveniente do Breogán (LEB Ouro espanhola), Betinho Gomes chegou ao Benfica em 2011, já somando nove épocas, não consecutivas, na Luz. “Nunca imaginei uma ligação tão longa. Desde que me tornei benfiquista, aos seis anos, nunca me passou pela cabeça algum dia chegar aqui. É algo que me deixa muito orgulhoso, a mim e à minha família. Os meus pais são super benfiquistas”, relata, entusiasmado pela entrada direta das águias na Champions em 2025/26. “É uma liga que está a ganhar muita relevância”, nota.