Tal como na Volta a Portugal, Artem Nych operou uma reviravolta no 13.º Grande Prémio JOGO/Leilosoc com uma fuga
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Artem Nych, líder da Anicolor-Tien21, atacou a 22 quilómetros do final da última de cinco etapas para conquistar o 13.º Grande Prémio O JOGO/Leilosoc. Foi a vitória mais importante para uma equipa portuguesa na primeira metade da época e conquistada com um ataque dentro do estilo que tem celebrizado o russo de 30 anos e que já lhe valeu a última Volta a Portugal: uma arrancada fulminante em subida e uma espécie de contrarrelógio até à meta. Nych destronou Afonso Silva, da AP Hotels-Tavira, que liderou desde o segundo dia, e curiosamente só passou ao ataque quando uma avaria fez parar o seu colega Pedro Silva, que era segundo da geral e estava isolado.
Sempre muito sorridente e com uma modéstia pouco comum, Nych adaptou-se ao nosso país de forma muito rápida, mas continua a dizer que prefere andar de bicicleta a dar entrevistas...
—Para mim é mais difícil falar do que andar de bicicleta porque sei pouco de português. Mas em russo também não sou de falar muito.
Foi à segunda tentativa e apenas na fase final da última etapa, mas conseguiu conquistar o GP O JOGO/Leilosoc...
—Há um ano perdi por um segundo, agora ganhei por mais [oito]. A corrida foi ótima, a equipa foi incrível, como sempre. Foi graças a esse bom trabalho que ganhamos.
Mas venceu devido ao seu grande ataque...
—O último dia para mim era tranquilo, não tinha a pressão de ganhar a corrida. O primeiro objetivo era até vencer a etapa. Este era um Grande Prémio muito importante para nós. A equipa queria oferecê-lo aos seus patrocinadores. Mas a minha obrigação era apenas dar tudo na estrada. Se conseguisse ganhar, perfeito, se não, seria para a próxima.
Quando atacou não foi a pensar na amarela?
—Quando arranquei só pensava ganhar a etapa, não a geral. Não sabia, quando terminei, se seria a diferença suficiente para a camisola amarela. A vantagem era pequena. Só depois ouvi o Rúben Pereira dizer: ‘Ganhámos!’ Acabou por ser perfeito.
Por isso não pára de sorrir...
—Fiquei muito feliz. Queria oferecer uma vitória à equipa e sabia que esta era muito importante. Todos os meus colegas tiveram imenso trabalho, queria vencer por eles. Foram eles a tornar a etapa mais dura. Começamos a puxar na primeira montanha, depois arrancou o Pedro Silva. Ele estava sozinho quando teve uma avaria e foi aí que arranquei eu. Era quarto na geral e não sabia em que lugar iria ficar.
A partir de agora pode pensar na revalidação da Volta a Portugal?
—Agora vamos ter o Grande Prémio das Beiras. Para a Volta a Portugal ainda falta algum tempo. E essa todas as equipas querem ganhar.
“Bacalhau, pastel de nata e um bom tinto”
Há quanto tempo está em Portugal?
—Estou em Portugal há três anos e três meses.
Gosta de cá estar?
—É um país muito tranquilo, com boas pessoas. Aqui temos uma vida boa.
Onde vive?
—Na Arrifana, perto de Santa Maria da Feira. Estou perto da praia.
Já tem pratos preferidos?
—Gosto de tudo. Mas sobretudo de bacalhau e de pastéis de nata. Como de tudo.
E um vinho tinto?
—O vosso é muito bom. Gosto, claro!
Tenciona ficar muito tempo em Portugal?
—Sim. Mas nunca sabes o que vais fazer amanhã. Enquanto for ciclista irei ficar por cá, pelo menos mais dois anos.
Esta já é a tua segunda casa?
—Para mim já é uma primeira. Não vou à minha casa na Rússia há mais de dois anos e estou muito habituado a Portugal. Gosto de cá viver.
Como vê o ciclismo português?
—Tem muito boas provas e equipas. As Beiras subiu de categoria e isso é importante, mais corridas internacionais. E também há muito entusiasmo. Paredes tinha a meta cheia de gente, parecia a Volta a Portugal.