Os motivos que trouxeram Nych a Portugal são praticamente tabus, mas sempre foi dizendo alguma coisa
Corpo do artigo
Artem Nych tem mais um ano de contrato com a Anicolir-Tien 21 e a meta é continuar a vencer.
Deixou a Rússia em 2023 devido à guerra, assunto de que não gosta. Desde que chegou a Portugal nunca mais visitou a família, mas, já tendo “papéis”, já o poderá fazer, mas ainda não será este ano.
Considera-se o melhor ciclista a competir em Portugal?
—Não, não. Isso não.
Então quem é?
—É difícil responder a isso (ri-se).
Como é que se deu a chegada a Portugal?
—Desse assunto também não gosto, já falei uma vez e não gosto.
Imagino que tenha sido devido à guerra, então...
—(abana a cabeça em sinal de confirmação). Mas não gosto de falar sobre isso.
Tem a família na Rússia?
—Tenho os meus pais e a minha irmã. Falo com eles muitas vezes, eles até seguiram a corrida, todos os dias, pela televisão.
Portanto, mantém o contacto com a família, o que é bom?
—Mantenho e é muito bom, sim. Por outro lado, já nos habituamos à distância, porque quando fui para a Gazprom também estava pouco tempo em casa. É verdade que ia mais vezes, já não vou há três anos, mas ia a casa umas três ou quatro vezes por ano, mas, tudo junto, não devia chegar a um mês, um mês e meio. Havia muitos treinos para fazer, muita coisa com a equipa, era pouco tempo.
E desde que está em Portugal, como disse, nunca mais foi à Rússia...
—É verdade, mas também não tinha papéis para o avião, para poder viajar, não conseguia sair. Agora já tenho, já posso pensar em ir, este ano ainda não irei, mas talvez volte lá em breve.
Como vai ser o futuro do Artem?
—Tenho contrato, vamos continuar juntos.
E os objetivos, sempre os mesmos: ganhar?
—Nós somos a equipa que mais tem ganho, é sempre esse o objetivo, mas é o das outras equipas também.
Já está perfeitamente integrado no nosso país. Conhece bem Portugal, já foi passar alguns dias fora de casa em descanso?
—Eu fico mais por São João da Madeira, aqui por casa, tenho praia perto. Depois também não posso sair para Espanha, por exemplo, sem papéis.
Mas a pergunta referia-se a Portugal. Se só conhece das corridas?
—Ah, isso sim. Já fui ao Porto, que é muito bonito, gosto mais do Porto do que de Lisboa, é mais histórico, as pessoas são mais abertas, também fui a Aveiro, que gosto, a Braga. Em Portugal as pessoas são todas muito simpáticas.
“Em férias não há bicicleta”
“Não, já chega de bicicleta. Quando estou de férias ando a pé”, reagiu Artem Nych. “Naquelas semanas preciso descansar”, explicou o ciclista, que vive por cima, imagine-se, de uma loja de bicicletas e já é conhecido da vizinhança. “No ano passado, quando voltei para casa muita gente me deu os parabéns”, riu-se bastante o russo, que, este ano, teve direito ao mesmo, mas da parte de Rui Costa.
Nas férias anda a pé, vive por cima de uma loja de bicicletas, vê ténis e hóquei no gelo, não liga a futebol e gosta de Pogacar.
“Fico contente, orgulhoso, é um grande ciclista, tal como o ano passado me escreveu o Denis Menchov, é muito bom”, referiu. “Gosto de ver ténis e hóquei no gelo, não gosto de futebol, claro que também vejo ciclismo, a Volta a França, todas as Grandes Voltas”, contou-nos, dizendo: “Gosto do Pogacar, ele dá sempre um festival incrível. É o corredor mais forte, sempre foi e tem muito carisma, como o Peter Sagan também tem”.