Arranca o Mundial de râguebi: 20 países, quatro favoritos e uma maratona de jogos
Japão organiza nona edição num ambiente de euforia.
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A nona edição da Taça do Mundo arrancou esta sexta-feira, às 11h45 portuguesas (transmissão na Sport TV1), jogando-se em Tóquio o Japão-Rússia.
Nova Zelândia defende o título e vai procurar o terceiro seguido depois de perder a liderança do ranking. Maratona de jogos dura até 2 de novembro e a primeira meta já foi cumprida
É a abertura de uma prova aguardada há muito - o Mundial joga-se a cada quatro anos - e que se estenderá até 2 de novembro, dia da final em Yokohama, mas para os líderes da World Rugby esta já é uma aposta ganha, pois o evento que junta 20 seleções nacionais tem um interesse que vai além de se saber quem sucede ao bicampeão Nova Zelândia.
A entrega da organização ao Japão tinha como grande objetivo promover a modalidade na Ásia e isso já foi conseguido: há mais 1,8 milhões de novos atletas no continente, repartidos por 22 federações, sendo cerca de 45% das competições femininas.
Com a primeira meta atingida, as atenções voltam-se agora para a competição, com a particularidade de existirem quatro seleções apontadas como candidatas ao título: Nova Zelândia, maior das favoritas por defender o título e procurar um tri, África do Sul, Irlanda e Inglaterra. Além do quarteto, há a sempre imprevisível França, a irreverente Argentina e ainda Gales e Austrália. É um conjunto acima do habitual de equipas com aspirações reais à final.
"Os favoritos não deixam de ser os neozelandeses", diz o selecionador de Portugal
"Os favoritos não deixam de ser os neozelandeses. Perderam com a Austrália, mas foram impressionantes a partir do momento em que decidiram discutir esse jogo", defendeu Patrice Lagisquet, selecionador português mas tricampeão francês e adjunto na equipa de Inglaterra em 2015. Lagisquet desvaloriza o terceiro lugar dos All Blacks no recente Torneio das Quatro Nações, onde perderam com África do Sul e Austrália (que os bateu por 47-26). A Nova Zelândia cedeu ainda a liderança mundial à Irlanda, que o selecionador nacional não vê como tendo um plantel tão forte para "uma competição muito dura, devido ao encadeamento de jogos".
Nesta primeira fase, os Grupos B e D só despertam curiosidade para se saber quem os vencerá: Nova Zelândia ou África do Sul no B; Gales ou Austrália no D. Já nos Grupos A e C, será diferente. Em 2015, o Japão surpreendeu a África do Sul (34-32), sendo um rival temível para Escócia e Irlanda. No Grupo C, Inglaterra, França e Argentina são três galos para dois poleiros. Valerá a pena ver!
PORTUGAL: DO CÉU AO INFERNO
Após uma longa história de prestações modestas, Portugal jogou a fase final do Mundial em 2007. A equipa liderada por Tomaz Morais chegou a França depois de superar o Uruguai (12-5 e 12-18) e o seu desempenho surpreendeu pela positiva, com a qualidade de jogo a fazer esquecer as derrotas.
Esperava-se um crescimento da modalidade, mas sucedeu o inverso. As Seleções Nacionais foram perdendo fulgor até descerem ao Trophy, uma espécie de terceira divisão, em 2016, tendo pelo caminho falhado dois apuramentos para o Mundial. Agora, a chegada do técnico francês Patrice Lagisquet revela uma viragem e a aposta do novo elenco federativo. Portugal já está a promover o regresso dos atletas luso-franceses à equipa, que, sem eles, perdera consistência nos últimos anos.
"O caminho passa por criar uma equipa com os melhores jogadores portugueses, complementada por lusodescendentes profissionais, que acrescentem força e experiência. O potencial dos jovens portugueses é impressionante e temos de lhes dar condições para se tornarem competitivos", explica Lagisquet, contratado para lutar por um lugar no Mundial de 2023, em França.
FAVORITOS
Nova Zelândia
A mais emblemática seleção é sempre favorita e este ano mais ainda, por lutar pelo tri. Os All Blacks conquistaram a primeira edição, em 1987, e as de 2011 e 2015 consagraram os kiwis como os melhores da história.
África do Sul
Com dois títulos, o primeiro em 1995, em casa, e que em muito terá ajudado à transição do fim do apartheid, e o segundo em 2007, os springboks chegam ao Japão sem derrotas, com o título do Quatro Nações e uma equipa forte.
Inglaterra
É a única seleção do hemisfério norte com um título mundial, ganho na Austrália, em 2003. Ocupa a terceira posição do ranking e está em crescendo de forma e com jogadores capazes de fazer a diferença.
Irlanda
Lidera o ranking mundial e somou vitórias emblemáticas nos últimos meses, como sobre a Nova Zelândia. A confiança aumentou, mas a Irlanda também perdeu com Inglaterra e Gales, percebendo ter vulnerabilidades.
RANKING MUNDIAL
1.º Irlanda 89,47
2.º Nova Zelândia 89,40
3.º Inglaterra 88,13
4.º África do Sul 87,34
5.º País de Gales 87,32
6.º Austrália 84,05
7.º Escócia 81,00
8.º França 79,72
9.º Fiji 77,43
10.º Japão 76,70
11.º Argentina 76,29
12.º Geórgia 73,29
13.º Estados Unidos 72,18
14.º Itália 72,04
15.º Tonga 71,04
16.º Samoa 69,08
19.º Uruguai 65,18
20.º Rússia 64,81
21.º PORTUGAL 61,33
22.º Canadá 61,12
23.º Namíbia 61,01
Nota: neste ranking, só Portugal não está no Mundial